Trump eleva tom contra shutdown e ameaça com demissões – preocupando até republicanos

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A paralisação do governo dos Estados Unidos entrou no segundo dia com a administração Trump aumentando a pressão sobre os democratas, primeiro ao suspender recursos para projetos de infraestrutura em Nova York e depois ao sinalizar disposição de demitir milhares de servidores federais, apesar da preocupação de alguns republicanos de que a estratégia possa ter efeito contrário.

Horas após o início da paralisação, na quarta-feira, o diretor de Orçamento, Russell Vought, anunciou em uma rede social que a Casa Branca suspenderia US$ 18 bilhões em investimentos em infraestrutura, incluindo pagamentos de contratos já assinados para a extensão da linha Second Avenue do metrô e para o novo túnel ferroviário sob o rio Hudson, que conecta Nova Jersey a Manhattan.

Em seguida, Vought reforçou ameaças anteriores do governo de desligar de forma definitiva parte dos servidores afastados pela paralisação.

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As medidas indicam endurecimento das posições, o que pode exigir concessões maiores de um dos lados para reabrir o governo. Embora Trump projete confiança, em público e nos bastidores, de que os democratas serão responsabilizados, republicanos alertam para o risco de excesso.

“Preocupo-me que isso possa ser contraproducente para nós politicamente no longo prazo”, disse o senador Kevin Cramer, republicano da Dakota do Norte. Ele lembrou que são necessários 60 votos para aprovar a maioria das propostas legislativas e evitar obstruções futuras.

Também há risco de reação se centenas de milhares de servidores ficarem sem salário e os impactos econômicos se acumularem. O Escritório de Orçamento do Congresso estima que cerca de 750 mil funcionários sejam afastados, com custo de US$ 400 milhões por dia em salários perdidos. Em paralisações anteriores, no entanto, os servidores receberam pagamento retroativo, reduzindo o impacto econômico.

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Segundo Joe Brusuelas, economista-chefe da RSM US LLP, se a paralisação durar apenas alguns dias e houver compensação pelos dias parados, o efeito será temporário e limitado, reduzindo em 0,1 ponto percentual o PIB por semana. Esse impacto dobraria se o governo levar adiante as demissões em massa, pois isso minaria a confiança corporativa e reduziria os investimentos de capital nos próximos meses, afirmou.

Por ora, não há sinais de avanço nas negociações. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a jornalistas que as demissões aconteceriam “em dois dias, iminentes, muito em breve”. Já o vice-presidente JD Vance adotou tom mais cauteloso.

“Ainda não tomamos decisões finais sobre alguns trabalhadores”, disse Vance. “O que estamos dizendo é que talvez precisemos adotar medidas extraordinárias, especialmente se isso se prolongar. Vamos ter de tomar providências excepcionais para garantir que o governo do povo funcione.”

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Ele acrescentou, em crítica aos democratas: “Se estão tão preocupados com o efeito sobre o povo americano, e deveriam estar, o que precisam fazer é reabrir o governo, não reclamar da nossa resposta.”

Parlamentares moderados dos dois partidos se reuniram no plenário do Senado para tentar um acordo, ainda que fosse um financiamento temporário. “Sugeri algumas ideias que dariam espaço para eles e para nós, e concordamos em continuar conversando”, disse o senador democrata Ruben Gallego, do Arizona. “Nenhum acordo foi fechado.”

Os democratas exigem que os subsídios de saúde para conter o aumento dos prêmios de seguros do Affordable Care Act sejam incluídos em qualquer pacote orçamentário. Os republicanos afirmam que a obstrução democrata a um acordo de curto prazo levou ao impasse e que o debate sobre subsídios pode ocorrer depois.

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Com inflação persistente, alta nos custos de moradia e incerteza no mercado de trabalho, ambos os partidos avaliam os riscos de prolongar a paralisação. Democratas e alguns republicanos dizem que o governo será responsabilizado se avançar com demissões em massa, lembrando que os republicanos controlam Câmara, Senado e Casa Branca.

“Pode haver dor de curto prazo, mas quando Trump começar a demitir pessoas, isso vai recair sobre ele”, disse o estrategista democrata Jim Manley.

O anúncio de Vought sobre congelar recursos foi interpretado como um ataque direto aos principais adversários de Trump em Nova York: o senador Chuck Schumer e o deputado Hakeem Jeffries, líderes democratas no Congresso.

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Segundo o Departamento de Transportes, a suspensão — criticada por democratas como ilegal — está ligada a uma revisão sobre o uso de cláusulas que destinam parte dos contratos a empresas de minorias e de mulheres. A pasta afirmou que a análise não pode ser conduzida durante a paralisação, por isso os reembolsos ficam suspensos até que o governo seja reaberto.

Essa mudança de interpretação da lei pode abrir uma disputa judicial. Vance ironizou a ofensiva: “Tenho certeza de que Russ está arrasado por não poder entregar certas coisas a certas bases eleitorais.”

O investimento privado já vinha sendo afetado neste ano, apesar de incentivos fiscais da reforma tributária de Trump, pela incerteza causada pelas mudanças frequentes na política tarifária.

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“O que distingue esta paralisação é a ameaça de demissões permanentes de servidores não essenciais, que, mesmo podendo ser retórica política e sujeita a contestação judicial, pode prolongar a pressão sobre a folha pública”, afirmou a Capital Economics em nota.

Para Wendy Edelberg, ex-economista do Federal Reserve e do Escritório de Orçamento do Congresso, hoje pesquisadora no Brookings Institution, as demissões aumentariam a incerteza entre servidores e reduziriam a produtividade. Também haveria impacto maior do que em paralisações anteriores se a estratégia incluir cortes de recursos, disse.

“Há um ambiente de absoluto caos, e isso só acrescenta mais”, afirmou.

©️2025 Bloomberg L.P.



Fonte infomoney

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