Contexto
O Banco Central Europeu (BCE) reduziu sua taxa de juros básica em 25 pontos base no mês de abril. Foi a sétima movimentação desse tipo desde junho de 2024. Acompanhando o corte das taxas, a palavra “restritiva” foi notadamente retirada do comunicado referente à condução da política monetária europeia. Há expectativa de reduções ainda mais acentuadas nas taxas de juros do BCE, enquanto os ganhos provenientes do rally do euro continuarem.
Paralelamente, o Federal Reserve vem mantendo suas taxas estáveis, sinalizando cautela enquanto avalia o impacto das rápidas mudanças nas políticas de comércio dos EUA.
Apesar das pressões do presidente Trump, que tem repetidamente expressado sua frustração com o presidente do FED, Jerome Powell, o compromisso de manter essa estabilidade ainda segue firme. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, vem reforçando os pedidos de cortes nos juros. A incerteza sobre o destino de Powell levou a oscilações no mercado, agravadas pelos temores dos investidores sobre as tarifas e a crescente probabilidade de uma recessão.
A divergência nas políticas do BCE e do FED em suas respectivas estratégias de comunicação está reconfigurando o comportamento dos investidores nos mercados de taxas.
O problema
A política de comércio imprevisível de Trump diminuiu a confiança nos ativos dos EUA, e o euro ganhou força como uma opção alternativa e atraente para os investidores. Não era esse o consenso no início do ano, quando alguns analistas previam a paridade entre as duas moedas, mas agora o JPMorgan Chase & Co., o BNP Paribas SA e o Danske Bank A/S já preveem que um euro valerá US$ 1,20 ou mais até o final do ano. Esperava-se que as políticas de Trump intensificassem a inflação, gerando expectativas de diminuição dos cortes nas taxas do Federal Reserve, ou mesmo de aumento de juros, o que beneficiaria o dólar às custas do euro.
Apesar do aumento do desconto no rendimento soberano de 2 anos dos títulos do Tesouro dos EUA, o rally do euro persiste. A divergência em relação aos diferenciais de taxas de juros ocorre após uma forte correlação no ano passado. O gráfico de 10 anos mostra que o spread de 2 anos entre os EUA e a Alemanha já foi amplo por longos períodos anteriormente, inclusive em períodos de força do euro e de baixa correlação.
Para muitos investidores globais, a dívida europeia pode se apresentar como uma alternativa mais interessante em relação aos títulos dos EUA, e o corte nas taxas de juros do BCE provavelmente terá impacto negativo menor sobre o euro do que já teve no passado. Segundo afirmou, no Guia BCE, o estrategista de câmbio da Bloomberg News Vassilis Karamanis, “a incerteza tarifária e a fragilidade generalizada do dólar continuam sendo os fatores dominantes nos mercados à vista e de opções, desvinculando as ações cambiais das abordagens tradicionais baseadas em diferenciais de taxas”.
Monitoramento
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FonteCâmara dos Deputados