
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, disse na sexta-feira que eles estão determinados a reconhecer o Estado palestino, uma questão que estará na mesa nos próximos dias em uma reunião nas Nações Unidas sobre a solução de dois Estados para tentar resolver o conflito.
“Estamos determinados, por ocasião da conferência a ser realizada em alguns dias em Nova Iorque, a reunir vários países, todas as partes interessadas e, em particular, a Autoridade Palestina e os países árabes da região, para que se comprometam a remover todos os obstáculos que impedem a criação e a própria existência do Estado da Palestina”, disse ele em uma entrevista à estação de rádio RTL.
Um tipo de reconhecimento da Palestina por meio de ação coletiva que Barrot espera que vá além do mero simbolismo. “Temos uma responsabilidade especial. Estamos falando da França, um membro permanente do Conselho de Segurança”, ponderou o chefe da diplomacia francesa.
“Se fizermos isso, será para mudar as coisas e tornar a existência desse Estado da Palestina mais crível, mais possível”, enfatizou.

De 17 a 20 de junho, uma conferência internacional, patrocinada pela França e pela Arábia Saudita, será realizada na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, sobre a solução do conflito com base na ideia de dois Estados. Em abril, o presidente francês Emmanuel Macron disse que esperava reconhecer a Palestina como um Estado em junho.
No sul de Gaza, as ordens de deslocamento e as restrições de movimento impostas pelas autoridades israelenses relacionadas ao hospital Nasser estão fazendo com que essa instalação médica vital se torne inoperante, alerta a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). Ordenar que os hospitais recusem novos pacientes e dificultar o acesso das pessoas aos locais de atendimento têm sido um padrão das forças israelenses durante a guerra, destinado a acabar com os hospitais. O Nasser é uma instalação vital que restou para as pessoas que necessitam de cuidados médicos, e sua funcionalidade completa deve ser restaurada imediatamente e preservada.
Em 3 de junho, nossas equipes foram informadas de que qualquer deslocamento para o hospital Nasser exigiria autorização, que deveria ser solicitada com pelo menos 24 horas de antecedência. Isso significava que os profissionais de saúde do turno do dia não poderiam chegar ao local. A equipe da noite anterior teve de continuar trabalhando por 48 horas seguidas.
O ambulatório permaneceu fechado durante todo o dia. As ambulâncias que conseguiram transportar pacientes para o hospital o fizeram com grande risco, pois havia o perigo de serem alvejadas por conta da falta de autorização. A localização do Nasser na linha de frente dos ataques dificulta o acesso da equipe e dos pacientes a esse hospital vital remanescente.
Isso ocorre enquanto as pessoas em Gaza se encontram em um estado de exaustão, com suas vidas destruídas por 20 meses de uma guerra extremamente violenta e um cerco sufocante, em que até mesmo a distribuição de quantidades mínimas de ajuda resulta em massacres devastadores. Neste contexto, qualquer instalação médica ainda em funcionamento é de importância fundamental e deve ser protegida.
Os ataques à saúde não são realizados apenas por meio de ações militares. Eles ocorrem através de limitações impostas à importação de suprimentos médicos, que forçam profissionais de saúde a racionar medicamentos usados para o alívio da dor. Acontecem também por meio de ordens de deslocamento, o que faz com que hospitais inteiros tenham que fechar rapidamente. Ocorrem, ainda, por meio de assédio e ordens confusas emitidas pelas autoridades israelenses, dificultando cada vez mais o fornecimento de cuidados que salvam vidas.
O Nasser é um grande hospital de referência com muitas alas especializadas que não são encontradas em nenhum outro lugar no sul de Gaza, incluindo salas de cirurgia, uma usina de oxigênio, ventiladores, um banco de sangue e incubadoras.
Reduzir o acesso a esse hospital e bloquear o encaminhamento de pacientes que precisam de cuidados especializados e emergenciais são ações que impedem as pessoas de receberem tratamento que pode salvar suas vidas.
Nos últimos meses, as equipes médicas dos MSF no hospital Nasser prestaram atendimento a mais de 500 pacientes na maternidade, incluindo mulheres que precisavam de cuidados cirúrgicos, bem como a mais de 400 bebês recém-nascidos e pacientes pediátricos. No local, há muitas pessoas com queimaduras e traumas graves.
A assistência médica está sendo atacada em todo o território. Na manhã de 4 de junho, as forças israelenses atacaram três vezes o hospital Al Aqsa, apoiado por MSF, a principal instalação em Deir Al Balah, no centro de Gaza. Embora nenhuma vítima tenha sido relatada, esse é um forte lembrete de como os pacientes, a equipe médica e as instalações de saúde estão constantemente em grande risco em Gaza.
“Nossas equipes receberam pacientes que ficaram gravemente feridos enquanto tentavam conseguir comida, por causa dos tiroteios que ocorreram nos arredores dos centros de distribuição de alimentos da organização Gaza Humanitarian Foundation, apoiada por Israel e pelos EUA. Isso se soma às pessoas que foram feridas no bombardeio contínuo da Faixa de Gaza. Os hospitais estão sobrecarregados de pacientes”, diz nota da entidade.
Com informações da Europa Press

Fonte Monitor Mercantil