Moradores da Índia e do Paquistão estocam alimentos e correm para bunkers | Mundo

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Até o anúncio do cessar-fogo feito neste sábado (10) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, moradores do Paquistão e da Índia corriam para estocar alimentos e outros bens de primeira necessidade, enquanto famílias que vivem perto da fronteira fugiam para áreas mais seguras, com a escalada dos confrontos armados entre as duas potências nucleares.

Índia e Paquistão acusam um ao outro de fazer novos ataques militares, com o uso de drones e artilharia pelo terceiro dia seguido, no pior conflito entre os dois países em quase três décadas. Neste sábado, Trump anunciou um cessar-fogo entre as duas potências nucleares e “parabenizou os dois países por usarem bom senso e grande inteligência”

O conflito eclodiu na quarta-feira (7), depois que a Índia atacou vários locais no Paquistão que chamou de “campos de terroristas”, em retaliação a um ataque contra turistas hindus na Caxemira indiana no mês passado, que deixou vários mortos.

No Estado indiano do Punjab, Amanpreet Dhillon, de 26 anos, contou que muitas famílias em sua aldeia – que fica a apenas 13 quilômetros da fronteira com o Paquistão – já mandaram as mulheres e crianças para áreas mais seguras.

“Também estou pensando em fazer isso… Tenho medo de que minha aldeia possa ser a próxima”, disse ele.

No distrito de Uri, na Caxemira controlada pela Índia, moradores relataram que muitas pessoas fugiram durante a noite, depois que várias casas foram atingidas por bombardeios, e algumas se abrigaram atrás de pedras ou em bunkers.

“Nunca vimos bombardeios tão intensos em nossas vidas. A maioria das pessoas fugiu da cidade e de outras aldeias assim que os bombardeios começaram ontem à noite, e algumas se abrigaram em bunkers subterrâneos”, disse Bashir Ahmad, de 45 anos, na cidade de Baramulla, em Uri. “Foi um pesadelo para nós.”

Na cidade paquistanesa de Lahore, que fica perto da fronteira, moradores sofreram um choque na quinta-feira (8), quando drones – que, segundo o Paquistão, foram lançados pela Índia – voaram e foram abatidos sobre a cidade, o que fez disparar sirenes e levou o consulado americano a orientar seus funcionários a se abrigarem no lugar em que estivessem.

As escolas locais ficaram fechadas nesta sexta-feira e moradores e comerciantes disseram que as pessoas da cidade estavam estocando alimentos, botijões de gás de cozinha e medicamentos, o que fez as autoridades publicarem uma nota em que advertiam empresas para que não aumentassem os preços de forma artificial.

“Eu estoquei alimentos para um mês: conseguimos carne, farinha, chá, óleo, lentilhas, etc, e também sacamos dinheiro extra do banco”, contou Aroosha Rameez, de 34 anos, que vive em Lahore.

Muhammad Asif, de 35 anos, disse que sua farmácia teve um grande fluxo de clientes. “As pessoas em Lahore também começaram a estocar medicamentos, o que pode levar à falta de paracetamol, antialérgicos, antibióticos e remédios para pressão alta e diabetes”, explicou ele.

O aplicativo de entrega de alimentos e refeições FoodPanda, muito popular no Paquistão, informou que registrou um aumento no número de pedidos de alimentos em todo o país.

Do outro lado da fronteira, o ministro de Assuntos do Consumidor, Alimentos e Distribuição Pública da Índia, Pralhad Joshi, fez um alerta contra a compra de grãos por pânico.

“Hoje temos estoques muitas vezes superiores ao que se necessita normalmente – seja de arroz, trigo ou leguminosas… Não existe nenhuma escassez, com toda a certeza”, afirmou ele.

Pankaj Seth, morador de Amritsar, no Estado indiano do Punjab, explicou que as pessoas sentiam que não tinham escolha: “Não sabemos se os mercados abrirão amanhã ou não… tenho filhos e netos em casa, portanto preciso me abastecer.”

Alguns moradores de regiões fronteiriças também pediam a parentes que lhes levassem suprimentos, porque os preços locais subiram.

“Minha tia mora em Attari e me pediu que comprasse farinha para ela, pois os suprimentos estão ficando caros lá”, disse Navneet Kaur, que é enfermeira em Amritsar e viajava para Attari, a 30 quilômetros de distância, com um saco de farinha.

Moradores da Caxemira, perto da linha de controle que divide a região, estavam diante de uma ameaça mais grave e imediata.

Eles afirmaram que tinham começado a deixar suas aldeias e ficaram em bunkers de noite, quando bombardeios e tiros ecoavam pelos vales.

O gabinete do primeiro-ministro na Caxemira controlada pelo Paquistão informou que mais de 400 pessoas foram evacuadas pelas autoridades em duas áreas próximas da linha de controle.

“Desde o ataque (da Índia) em Muzaffarabad, estamos vivendo em nosso bunker, que escavamos em uma montanha rochosa perto”, disse Manzoor Ahmed, de 43 anos, que mora na vila de Jura Bandi, no Vale Neelum, onde a polícia local confirmou que a maioria das pessoas está passando as noites em bunkers.



Fonte Agência Brasil

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