ad_1]
A BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), renovou apenas uma de suas indicações ao conselho de administração da Tupy (TUPY3): o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marques de Carvalho. A ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) e o ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi, que haviam sido nomeados pela empresa pública em 2023, ficaram de fora. Os três foram indicados no ano passado, com salários mensais de R$ 36,1 mil. A mudança ocorre após o fim dos mandatos e segue orientação do controlador da BNDESPar.
Embora Lupi ainda estivesse no cargo de ministro da Previdência quando os materiais da assembleia foram organizados na quarta-feira (30), ele já enfrentava pressões relacionadas ao escândalo de fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que levariam à sua saída do governo.
Ambos chegaram a ser alvos de um processo administrativo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que analisava se haveria conflito de interesse na atuação deles como conselheiros da Tupy. A autarquia acabou arquivando o caso.
Continua depois da publicidade
A BNDESPar afirmou, por meio de nota, que a indicação de lideranças públicas e privadas para conselhos de administração das empresas investidas busca agregar experiência e diversidade às decisões estratégicas, dentro dos parâmetros legais e alinhada à orientação do controlador, no caso o governo federal.
A empresa ressaltou que a substituição dos conselheiros ocorre após o término dos mandatos, no fim de abril, e que aguarda a definição de dois novos nomes para completar as cadeiras.
A assembleia da Tupy também aprovou, com ampla maioria, as contas dos administradores e as demonstrações financeiras de 2024. Mais de 101,5 milhões de votos foram favoráveis, enquanto 11,4 milhões de ações se abstiveram. O lucro líquido do ano, de R$ 79,5 milhões, teve parte destinada à reserva legal e o restante à reserva especial para investimentos.
Continua depois da publicidade
Foi homologado ainda o pagamento de R$ 190 milhões em Juros sobre Capital Próprio (JCP), feitos em janeiro de 2025 com base em resultados acumulados de exercícios anteriores.
Na assembleia, os acionistas afirmaram que a nova composição do conselho da Tupy deve contar com nove membros titulares e até cinco suplentes, segundo comunicado da empresa divulgado na CVM. A eleição foi feita por voto múltiplo, a pedido de acionistas com participação superior a 5% do capital social. Também foram definidos os integrantes do Conselho Fiscal e a remuneração anual de administradores e comitês.
Desconforto
Há um tempo já existia desconforto com a presença de Anielle Franco e Carlos Lupi no conselho. Desde a nomeação, em 2023, as indicações foram alvo de críticas nos bastidores do mercado e entre acionistas minoritários da Tupy, que questionavam a qualificação técnica e a pertinência da presença de ministros de Estado em um conselho de administração de uma empresa com atuação global no setor automotivo. A percepção era de que as indicações tinham forte cunho político, o que aumentava o atrito entre representantes do governo e demais membros do colegiado.
Continua depois da publicidade
A preocupação se estendeu também com a nomeação de Rafael Lucchesi para a presidência da Tupy, que assumiu o cargo em 1º de maio no lugar de Fernando Rizzo. Com o movimento, investidores e analistas questionaram a falta de experiência executiva de Lucchesi em grandes empresas.
Embora ele tenha uma sólida trajetória no setor industrial e na Confederação Nacional da Indústria (CNI), sua escolha para o cargo gerou inquietação, especialmente entre os acionistas minoritários, que consideram a substituição sem justificativas claras sobre a real necessidade de mudança na liderança.
FonteCâmara dos Deputados