
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na Casa Branca, nesta quarta-feira, que está impondo “tarifas recíprocas” aos parceiros comerciais, no que chamou de “Dia da Libertação”. Exibindo um gráfico ilustrando quanto cada país supostamente taxa os produtos norte-americanos e vice-versa, Trump anunciou que os Estados Unidos estabeleceram uma “tarifa mínima de base” de 10% em praticamente todos os produtos importados, além de taxas ainda mais altas para certos parceiros comerciais.
O Brasil fica, inicialmente, sujeito ao patamar mínimo. Tarifas de 20% serão impostas sobre todos os produtos da União Europeia, metade do que ele acusa Bruxelas de taxar os produtos dos EUA. Trump anunciou tarifas de 34% – que se somam aos 20% atuais – sobre produtos da China que, segundo ele, adota políticas que tornam os produtos norte-americanos 67% mais caros. O Japão será penalizado em 25%, a Coreia do Sul, em 25%, e Taiwan em 32%. Entre os menos afetados estaria o Reino Unido, com tarifas de 10%. É o mesmo caso da Argentina.
“2 de abril de 2025 será para sempre lembrado como o dia em que a indústria americana renasceu, o dia em que o destino da América foi recuperado e o dia em que começamos a tornar a América rica novamente”, discursou Trump no Rose Garden da Casa Branca. “Nós cobraremos deles cerca de metade do que eles nos cobram e têm cobrado. Portanto, as tarifas não serão totalmente recíprocas”, alertou. Ele não respondeu a perguntas de jornalistas.
Apesar da alegação de Trump de que tarifas mais altas ajudarão a gerar receita para o governo e revitalizar a manufatura dos EUA, economistas alertaram que tais medidas aumentarão os preços para consumidores e empresas norte-americanos, interromperão o comércio global e prejudicarão a economia global.

No início de seu discurso, Trump atacou a UE por “proibir” a maioria das importações de aves dos EUA por meio de medidas não tarifárias.
Trump também anunciou tarifas de 25% sobre a importação de todos os carros estrangeiros a partir desta meia-noite com o objetivo de tornar “a América grande novamente” e relançar o setor industrial do país. Um diplomata brasileiro citado pelo portal G1 rotulou as ideias de Trump de “terraplanismo econômico”.
Durante seu discurso, o presidente acusou países como Coreia do Sul, Japão, Vietnã, Tailândia e Índia de aplicar medidas não tarifárias, como subsídios a seus setores ou redução dos padrões de produção para tornar suas exportações mais competitivas.
Para Alexandre Ramos Coelho – professor de relações internacionais na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e coordenador do Núcleo de Geopolítica do think tank Observa China – a China já está, em grande medida, demonstrando capacidade de explorar o espaço aberto pela política truculenta de Trump.
No entanto, ainda há grande desconfiança da liderança europeia em sua aproximação com Pequim. Esse sentimento foi explicitado pela saída da Itália, sob o governo de Georgia Meloni, da Iniciativa Cinturão e Rota em 2023.
“Ainda que os negócios e as conexões ferroviárias e comerciais tenham avançado, os europeus reconhecem os riscos de substituir a dependência dos EUA por uma dependência excessiva da China”, disse Coelho em entrevista à Sputnik Brasil. “A percepção é de que essas dependências podem ser instrumentalizadas politicamente por Pequim.”
País | Tarifa cobrada dos EUA* (%) | Tarifa recíproca (%) |
---|---|---|
Brasil | 10 | 10 |
Reino Unido | 10 | 10 |
Cingapura | 10 | 10 |
Chile | 10 | 10 |
Austrália | 10 | 10 |
Turquia | 10 | 10 |
Argentina | 10 | 10 |
Israel | 33 | 17 |
Filipinas | 34 | 17 |
União Europeia | 39 | 20 |
Japão | 46 | 24 |
Malásia | 47 | 24 |
Coreia do Sul | 50 | 25 |
Índia | 52 | 26 |
Paquistão | 58 | 29 |
África do Sul | 60 | 30 |
Suíça | 61 | 31 |
Taiwan | 64 | 32 |
Indonésia | 64 | 32 |
China | 67 | 34 |
Tailândia | 72 | 36 |
Bangladesh | 74 | 37 |
Sri Lanka | 88 | 44 |
Vietnã | 90 | 46 |
Camboja | 97 | 49 |
Com agências Xinhua, Europa Press e Brasil
Fonte Monitor Mercantil