Ricardo Nunes canta ‘gás de pimenta na cara do vagabundo’, ao lado de GCMs; veja o vídeo | Política

Ao participar da cerimônia de formação de 500 novos agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM), na terça-feira (21), Nunes acompanhou alguns agentes de segurança que batiam palmas e cantavam “É gás, é gás, é gás de pimenta na cara do vagabundo”. O prefeito bateu palmas, sorriu e cantou parte da letra.

Ao lado de Nunes, estavam o secretário municipal de Segurança, Orlando Morando, e o vice-prefeito, Mello Araújo (PL), indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para compor a chapa eleitoral do prefeito em 2024. Morando e Araújo também cantaram trechos do “gás de pimenta na cara do vagabundo”.

A cena foi gravada e teve ampla divulgação em redes sociais nesta quinta-feira (23). A vereadora Luna Zarattini (PT) classificou a ação do prefeito como um “absurdo”. “Enquanto isso, enfrentamos uma escalada de violência policial e violações de direitos humanos. É assim que ele governa São Paulo? Com desprezo pelas vidas e pela democracia?”, questionou a parlamentar.

A deputada federal e ex-vereadora Juliana Cardoso (PT) também criticou o prefeito. “Vergonha absurda! Prefeito que canta ‘gás de pimenta na cara dos vagabundos’ legitima a escalada da violência policial e normaliza a violação dos direitos humanos. Mais uma demonstração de que Ricardo Nunes apoia a política de repressão”, disse a deputada.

O deputado estadual e ex-secretário de Direitos Humanos e Cidadania Eduardo Suplicy (PT) classificou a cena como “chocante”. “O prefeito deveria combater esse comportamento que só incentiva a violência e reforça preconceitos”, disse o deputado em suas redes sociais.

A prefeitura foi procurada para comentar o vídeo e as críticas recebidas por Nunes, mas informou que não se manifestará sobre o assunto.

Na mesma cerimônia de formação de 500 novos agentes da GCM, o secretário municipal de Segurança afirmou que a guarda civil tem função de policiamento e defendeu que, em situações de conflito, os agentes de segurança matem os criminosos. Morando descartou o uso de câmeras corporais pelos GCMs e disse que os guardas não devem se intimidar com a legislação.

“Todos nós não podemos estar acima da lei, mas também não podemos estar abaixo da lei. E tenho a clareza que se [houver] um confronto com um criminoso, que chore a mãe do criminoso e nenhum parente de vocês”, disse Morando, no evento.

“Você prefere que chore a mãe do GCM? Em um confronto, um criminoso que insurge contra uma autoridade [não só] está colocando em risco a vida dele, mas [também está] comprometendo a vida do GCM. Eu tenho certeza de que prefiro que não chore a mãe do GCM. É a minha convicção pessoal”, afirmou o secretário, ao falar com a imprensa.

Na semana passada, ao participar da cerimônia de troca do comandante da GCM, o secretário já havia dado um “recado” semelhante à tropa municipal. “Não quero chorar pela mãe de nenhum de vocês. Prefiro o sepultamento de um criminoso, porque as pessoas têm direito à segurança. Não tenhamos medo de fazer o que está certo. Jamais acima da lei, mas jamais abaixo da lei”, disse Morando, na quinta-feira (16), ao discursar no evento na academia de formação em segurança urbana.

Nesse evento em que cantou junto com os GCMs sobre o “gás de pimenta na cara de vagabundo”, na terça-feira, o prefeito também destacou a função de policiamento da guarda e disse esperar que os “criminosos tenham mais medo” da tropa.

“Críticas virão, mas não nos preocupamos com a crítica pela crítica. Nos preocupamos com as críticas construtivas”, disse na terça-feira.