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Vivemos uma era em que todos parecem obcecados por tendências. Seja no noticiário, nos eventos, na mesa de reunião, nos relatórios de consultoria ou nas redes sociais, a pergunta que ecoa é: “O que vem por aí?”. Essa curiosidade é legítima e necessária. Afinal, antecipar mudanças pode ser a diferença entre a sobrevivência ou a obsolescência de uma organização. Mas talvez a questão mais estratégica seja outra: Estamos dedicando energia suficiente ao que não muda ou ao que não deveria mudar?
A gestão contemporânea precisa ser ambidestra: olhar, por um lado, para as transformações, como a inteligência artificial e seus impactos, e, por outro, preservar valores e práticas que sustentam a essência das empresas e da liderança. Em outras palavras, equilibrar inovação com permanência.
A IA vai transformar processos, acelerar análises, automatizar tarefas, redesenhar profissões e criar estratégias e negócios. Mas ela não mudará, e nem deve mudar, a importância da confiança, do pensamento crítico, da empatia, da ética e da capacidade humana de construir sentido coletivo. Máquinas podem aprender padrões, mas apenas humanos podem criar propósitos.
Esse olhar ampliado exige repertório. Líderes que só correm atrás da novidade se tornam reféns de modismos, enquanto aqueles que ignoram as mudanças ficam paralisados. A virtude está em cultivar os dois movimentos: expandir a visão sobre o que pode ser reinventado e proteger a base que sustenta culturas, relações e legados.
Organizações longevas sabem disso. Elas inovam sem abrir mão de princípios sólidos. Preservam o que dá identidade, ao mesmo tempo que testam novas fronteiras. Assim, garantem coerência para atravessar as ondas tecnológicas e sociais que continuarão a nos desafiar.
Portanto, para além das tendências, o convite é exercitar uma liderança capaz de navegar com ambidestria: atentos ao futuro que se anuncia, mas firmes na essência que deve permanecer. Afinal, no mundo acelerado pela IA, será a clareza sobre o que não muda que dará sentido ao que muda.
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FonteForbes