Lula e Trump: reuniões secretas antes do encontro na ONU
Casa Branca mandou emissário ao Brasil para conversar com ministro Mauro Vieira; Alckmin conversou com autoridade de Comércio no dia da condenação de Bolsonaro. Crédito: Felipe Frazão/Estadão | Edição: João Abel/Estadão
Todas as semanas, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos publica um resumo das últimas exportações de produtos agrícolas americanos. Ultimamente, todos eles têm em comum a mesma ausência: a venda de soja para a China.
A soja é o maior produto americano exportado para a China em termos de valor, com US$ 12,6 bilhões no ano passado. Mas, com o início da colheita de outono (no hemisfério norte) em todo o território americano – 9% da soja plantada havia sido colhida até a semana passada -, o país que comprou 52% de todas as exportações de soja dos EUA no ano passado está completamente ausente.

Fazenda de soja em Rock Hall, no Estado de Maryland Foto: Jim Watson/AFP
O dia 1.º de setembro marcou o início do novo ano comercial da soja, o ponto de partida para grandes vendas. Em vez disso, a China não compra soja americana desde maio.
A causa são as tarifas retaliatórias que a China impôs aos Estados Unidos, tornando o preço da soja americana pouco atraente para os compradores locais. Durante todo o verão, os agricultores esperavam que o governo de Donald Trump e a China chegassem a um acordo comercial que reduzisse as tarifas sobre suas safras, mas até agora não houve nenhuma melhora.
Até julho, a China comprou 51% menos soja americana do que no mesmo período do ano passado, de acordo com o Departamento de Agricultura. Outros países, como Egito, Taiwan e Bangladesh, estão comprando soja dos Estados Unidos, mas as exportações totais de soja caíram 23% este ano.
As consequências já estão se acumulando para os agricultores americanos. Na segunda-feira, o governo Trump se comprometeu a apoiar a Argentina, que enfrenta turbulências econômicas. No mesmo dia, a Argentina suspendeu o imposto sobre as exportações de várias culturas importantes, incluindo a soja. Pouco depois, empresas chinesas compraram mais de 1 milhão de toneladas de soja argentina, de acordo com a Reuters, aumentando a capacidade do país asiático de resistir à compra da safra dos Estados Unidos.
A verdadeira preocupação, porém, é o que está por vir.
Os preços da soja têm estado moderados, sendo negociados a cerca de US$ 10 o bushel durante grande parte do ano passado, abaixo dos cerca de US$ 13 no início de 2024.
A venda de soja na primavera e no verão é sempre lenta, pois a China e outros países se voltam para o Brasil, que colhe em fevereiro e março. Normalmente, mais da metade das exportações de soja dos EUA são vendidas entre outubro e dezembro. Se os compradores chineses continuarem afastados, os produtores de soja americanos ficarão em uma situação difícil.
As vendas lentas contínuas de soja e uma safra de milho excepcional esperada em vários Estados estão aumentando as preocupações de que não haverá espaço de armazenamento suficiente para grãos neste outono. Há receios de que os silos, que compram e armazenam grandes quantidades de safras antes de vendê-las, simplesmente parem de aceitar soja, pois não têm confiança de que serão capazes de exportá-la.
Políticos de grandes Estados agrícolas, incluindo o senador Chuck Grassley, de Iowa, um membro influente do Comitê do Senado para Agricultura, Nutrição e Silvicultura, destacaram os danos causados aos agricultores pela disputa comercial com a China e pediram que os negociadores cheguem a um acordo.
O governo Trump percebeu isso. “Estamos muito preocupados com o fato de a China ter parado de comprar nossos produtos agrícolas”, disse Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, na quinta-feira, 25, à Fox Business Network.
Também na quinta-feira, o presidente Donald Trump disse que gostaria que parte do dinheiro arrecadado com as tarifas fosse destinado aos agricultores. Brooke Rollins, secretária de Agricultura, disse em uma conferência separada na quinta-feira que o governo não estava pronto para anunciar um plano de ajuda aos agricultores.
Rollins também disse que os Estados Unidos desenvolveriam mais mercados internacionais para suas safras por meio de acordos comerciais. Os agricultores precisam parar de depender “de um país que não está alinhado com nossos valores” como um grande comprador de produtos agrícolas, disse ela, referindo-se à China.
Mas ela admitiu que, para os agricultores, as negociações comerciais de Trump foram “acidentadas, incertas e não convencionais na história americana”.
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Fonte ONU