
Divulgação
Acessibilidade
Maria Teresa Fornea viveu na prática o poder da Endeavor. Fundadora da Bcredi, adquirida em 2021 pela Creditas, aproveitou a rede da organização global para expandir seu negócio. “Na pandemia, tive uma janela única de liquidez para a venda, com apoio de mentorias que foram decisivas nesse processo”, diz ela, que acaba de assumir como diretora-geral da Endeavor.
Conhecida como Tetê, leva para a nova posição as lições de sua trajetória como executiva, empreendedora e investidora. “Aprendi que empreender é caminhar entre a razão e a coragem. E que liderar não é ter todas as respostas, mas criar espaço para que os outros encontrem soluções ainda melhores.”
Advogada especializada em negócios imobiliários pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e MBA pela Kellogg School of Management, teve mais de dez anos de experiência em operações e produtos de crédito imobiliário.
Em 2017, fundou a Bcredi, em Curitiba (PR), com a proposta de levar o home equity, empréstimo com garantia de imóvel, para o mercado de forma mais acessível, com inovação, tecnologia e foco em canais B2B2C. Após a venda, ficou na Creditas como vice-presidente até janeiro de 2024.
Agora, à frente da Endeavor, quer que mais empreendedores encontrem as condições para construir e escalar seus negócios. “Pretendo ampliar nossa atuação em setores que representam o futuro da economia brasileira, trazer diversidade como eixo central e conectar o Brasil ao melhor do que está acontecendo no mundo.”
Tetê sucede a Anderson Thees, um dos fundadores da Redpoint eventures. Na dança das cadeiras, Cesar Carvalho, fundador do Wellhub (ex-Gympass), é o novo chairman, no lugar de Sergio Furio, fundador da Creditas.
Abaixo, Maria Teresa Fornea, nova líder da Endeavor no Brasil, fala sobre sua trajetória e as prioridades da sua gestão.
Forbes: O que te destacou para assumir a liderança da Endeavor neste momento?
Maria Teresa Fornea: Passei por diferentes ciclos na minha carreira — executiva, empreendedora e investidora — e em cada um deles a busca por propósito foi se intensificando. Esse percurso me trouxe clareza sobre meu perfil e sobre a energia que tenho para construir, colocar coisas de pé. O convite da Endeavor me provocou justamente por representar essa interseção: a chance de transformar toda essa experiência em impacto coletivo para os empreendedores e para o Brasil.
Como foi sua trajetória antes do empreendedorismo?
Venho de uma família de empreendedores e sempre tive essa veia. Até participei de alguns projetos menores, como uma academia, mas meu primeiro ciclo profissional mais sério foi no mercado financeiro. Naquele momento, o que eu buscava era crescimento e independência financeira. Foi um ambiente onde aprendi muito, mas bastante dominado por homens nas posições de liderança. Com o tempo, fui me encontrando ali como mulher, entendendo meu espaço e me provocando a olhar de forma mais ampla para o que eu queria construir.
Quando veio a decisão de empreender?
Durante meu MBA em Kellogg, descobri o quanto fazia sentido conectar o mundo financeiro a algo mais inovador, dinâmico e centrado no cliente. Voltei ao Brasil animada para colocar isso e percebi que inovação não é só código: envolve cultura, valores e jeito de fazer. Foi daí que nasceu a Bcredi, como um “spinoff” para simplificar e tornar o crédito imobiliário mais justo e acessível.
Como foi a jornada na Bcredi até o momento da venda?
Foram anos intensos de aprendizado pela construção, pelo time e pelas pessoas, mas também desafiadores. Eu era muito nova e ultrapassei alguns limites, o que virou uma grande escola. Na pandemia, aproveitei uma janela única de liquidez para a venda, com apoio de mentorias valiosas da Endeavor que foram decisivas no processo.
Quais lições dessas experiências vão te ajudar nesse novo momento?
Aprendi que empreender é caminhar entre a razão e a coragem. É resistir quando o cenário parece intransponível e, ao mesmo tempo, saber ceder para que outras vozes tragam soluções inesperadas. Inovação não acontece no isolamento; ela nasce das intersecções entre setores, talentos e perspectivas. Também aprendi que liderar não é ter todas as respostas, mas criar espaço para que os outros encontrem soluções ainda melhores. Essas lições me acompanham agora na Endeavor, onde o impacto vem justamente da força coletiva da rede.
Quais são suas prioridades à frente da Endeavor Brasil?
Minha prioridade é fortalecer o ecossistema para que empreendedores de alto impacto encontrem condições reais de crescer e transformar o país. Isso significa estar próxima nos momentos mais críticos da jornada, conectando nossa rede global de conhecimento, capital e mentoria.
Que mudanças ou inovações devem marcar sua gestão?
Quero que a Endeavor seja cada vez mais um espaço vivo de encontro entre talentos e propósitos, onde se constrói impacto coletivo. Não se trata apenas de apoiar empresas a crescer, mas de ampliar o efeito multiplicador dos fundadores que reinvestem sua trajetória inspirando, mentorando e investindo na próxima geração.
Também pretendo ampliar nossa atuação em setores que representam o futuro da economia brasileira, trazer diversidade como eixo central dessa transformação e aproveitar ao máximo o intercâmbio com outras geografias da rede Endeavor para conectar o Brasil ao melhor do que está acontecendo no mundo.
Como você enxerga o papel da Endeavor no país nos próximos anos?
Vejo a Endeavor como uma força essencial para liberar o potencial do Brasil. O ecossistema avançou muito, mas ainda há lacunas importantes, especialmente no estágio de growth, onde empresas já validadas precisam ganhar escala para se tornar protagonistas da economia. É nesse ponto que podemos alcançar o maior impacto.
Nos próximos anos, quero que a Endeavor siga inspirando pelo exemplo, mas também criando as pontes práticas que sustentam o crescimento, fortalecendo negócios, mas também formando líderes que retribuem seu sucesso ao ecossistema. Nossa presença global será um diferencial para trazer referências, abrir conexões internacionais e mostrar que empreendedores brasileiros podem competir em qualquer lugar.
O futuro do país será definido por empreendedores que transformam inovação em prosperidade coletiva, e é esse encontro entre sonho individual e impacto coletivo que a Endeavor continuará a catalisar.
FonteCâmara dos Deputados