Em rede nacional, Lula chama aliados de Trump de “traidores” e nega práticas desleais

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Em pronunciamento em rede nacional de televisão na noite desta quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu à ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto.

Lula classificou a medida como uma chantagem inaceitável, criticou a tentativa de interferência nas instituições brasileiras e acusou políticos da oposição de atuarem contra os interesses do país.

“O ataque ao Brasil tem apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria”, afirmou o presidente, em referência indireta a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que têm se alinhado a Trump na disputa comercial.

Lula também rejeitou as acusações americanas sobre práticas comerciais desleais e defendeu a atuação do país em temas como proteção ambiental, justiça digital e equilíbrio nas relações internacionais.

“Brasil não aceitará imposições”

Lula disse que o Brasil buscou diálogo com os EUA desde o início das tensões e enviou, ainda em maio, uma proposta de negociação. Segundo ele, a resposta da Casa Branca veio em forma de “ameaças às instituições brasileiras” e com “informações falsas sobre o comércio entre os dois países”.

O presidente destacou que o Brasil acumula superávit comercial favorável aos EUA há mais de 15 anos e rebateu críticas sobre regulação digital e meio ambiente. “Reduzimos o desmatamento da Amazônia pela metade em dois anos e estamos comprometidos em zerá-lo até 2030”, disse.

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Lula também defendeu o sistema Pix, criado pelo Banco Central, que tem sido alvo de questionamentos por parte de parlamentares ligados à extrema-direita americana. “Não aceitaremos ataque ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo”, declarou.

Resposta diplomática

No discurso, Lula reiterou que o Brasil seguirá apostando no multilateralismo e nas boas relações diplomáticas, mas deixou claro que utilizará todos os instrumentos legais disponíveis caso a tarifa de 50% entre em vigor. Citou, entre as possibilidades, recursos à Organização Mundial do Comércio (OMC) e a aplicação da Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional.

“Não há vencedores em guerras tarifárias”, afirmou. “Somos um país de paz, mas ninguém deve se esquecer de que o Brasil tem um único dono: o povo brasileiro.”

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Abaixo, a íntegra do pronunciamento:

Minhas amigas e meus amigos,

Fomos surpreendidos na última semana por uma carta do presidente norte-americano anunciando a taxação de produtos brasileiros em 50% a partir de 1º de agosto. O Brasil sempre esteve aberto ao diálogo. Fizemos mais de dez reuniões com o governo dos Estados Unidos e, em 16 de maio, encaminhamos uma proposta de negociação. Esperávamos uma resposta. O que veio foi uma chantagem inaceitável, com ameaças às instituições brasileiras e informações falsas sobre o comércio entre os dois países.

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Contamos com um Poder Judiciário independente. No Brasil, respeitamos o devido processo legal, os princípios da presunção de inocência, do contraditório e da ampla defesa. Tentar interferir na Justiça brasileira é um grave ataque à nossa liberdade nacional. Só uma pátria soberana é capaz de gerar empregos, combater as desigualdades, garantir saúde e educação, promover o desenvolvimento sustentável e criar as oportunidades que as pessoas precisam para crescer na vida.

A indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do país e com os danos causados ao nosso povo.

A defesa da nossa soberania também se aplica à atuação das plataformas digitais estrangeiras no Brasil. Para operar no nosso país, todas as empresas, nacionais ou estrangeiras, são obrigadas a cumprir as leis. No Brasil, ninguém está acima da lei. É preciso proteger as famílias brasileiras de indivíduos e organizações que se utilizam das redes digitais para promover golpes e fraudes, cometer crimes de racismo, incentivar a violência contra as mulheres e atacar a democracia. Esses espaços também alimentam o ódio, a violência e o bullying entre crianças e adolescentes, em alguns casos levando à morte. Há ainda quem desacredite as vacinas, colocando em risco o retorno de doenças que já estavam erradicadas.

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Estamos reunindo representantes dos setores produtivos, da sociedade civil e do movimento sindical. Essa é uma grande ação conjunta que envolve a indústria, o comércio, os serviços, o setor agrícola e os trabalhadores. Estamos todos juntos na defesa do Brasil. É o exemplo de cada brasileiro e de cada brasileira que acorda cedo, trabalha, cuida da família e ajuda o país a crescer.

Seguiremos apostando nas boas relações diplomáticas e comerciais, não apenas com os Estados Unidos, mas com todos os países do mundo. A primeira vítima de um mundo sem regras é a verdade. São falsas as alegações de que o Brasil pratica concorrência desleal. Os Estados Unidos acumulam, há mais de 15 anos, um robusto superávit comercial de 410 bilhões de dólares em relação ao Brasil. Hoje, somos referência mundial na defesa do meio ambiente. Em dois anos, reduzimos pela metade o desmatamento da Amazônia e estamos trabalhando para zerá-lo até 2030.

Além disso, o Pix é do Brasil. Não aceitaremos qualquer ataque ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo e vamos protegê-lo.

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Quando assumimos a Presidência da República, em 2023, encontramos um Brasil isolado do mundo. Em apenas dois anos e meio, nosso governo abriu 379 novos mercados para os produtos brasileiros no exterior. Estamos construindo parcerias comerciais com a União Europeia, a Ásia, a África e com nossos vizinhos da América Latina e do Caribe.

Se necessário, utilizaremos todos os instrumentos legais para defender nossa economia — desde recursos à Organização Mundial do Comércio até a Lei da Reciprocidade aprovada pelo Congresso Nacional.

Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos. Acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações. Mas que ninguém se esqueça: o Brasil tem um único dono — o povo brasileiro.

Muito obrigado.



Fonte Infomoney

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