como o mercado brasileiro deve reagir após ataque dos EUA ao Irã?

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Após os EUA atacarem instalações nucleares do Irã no sábado, os investidores esperam apreensivos pela abertura dos mercados brasileiros, com analistas de mercado projetando maior aversão a risco e alta de ações relacionadas ao petróleo.

Contudo, para o estrategista de ações da XP, Raphael Figueredo, os primeiros sinais dos mercados internacionais apontaram uma abertura tranquila dado tudo que aconteceu e as pontas ainda soltas diante do conflito geopolítico. O petróleo chegou a subir 4%, mas amenizou os ganhos para cerca de 2%, enquanto os índices futuros dos EUA caíam cerca de 0,4% a 0,6%.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que “obliterou” as principais instalações nucleares do Irã em ataques durante a noite de sábado, juntando-se a um ataque israelense em uma escalada do conflito no Oriente Médio, enquanto Teerã prometeu se defender. O Irã é o terceiro maior produtor de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, esse cenário aumenta a volatilidade e risco para investidores.

Os Estados Unidos estarem envolvidos pode exigir uma resposta maior do Irã, o que pode puxar ainda mais a cotação do petróleo.

“Um salto no preço do petróleo é esperado”, disse Jorge Leon, chefe de análise geopolítica da Rystad e ex-funcionário da OPEP, durante a tarde deste domingo. “Mesmo na ausência de retaliação imediata, os mercados provavelmente precificarão um prêmio de risco geopolítico mais alto.”

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Até a última sexta, o brent havia subido 11%, enquanto o WTI valorizou cerca de 10% desde o início do conflito em 13 de junho, com Israel mirando instalações nucleares do Irã e mísseis iranianos atingindo prédios em Tel Aviv. Neste domingo, o petróleo chegou a ter alta de cerca de 4%.

As condições de oferta atualmente estáveis ​​e a disponibilidade de capacidade de produção excedente entre outros membros da OPEP limitaram os ganhos do petróleo. Os prêmios de risco diminuíram uma vez que não ocorreram interrupções no fornecimento, disse Giovanni Staunovo, analista do UBS.

“A direção dos preços do petróleo a partir de agora dependerá da existência de interrupções no fornecimento — o que provavelmente resultaria em preços mais altos — ou do arrefecimento do conflito, resultando em um prêmio de risco em declínio”, disse ele.

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Em 19 de junho, um parlamentar iraniano de alto escalão afirmou que o país poderia fechar o Estreito de Ormuz como forma de retaliar contra seus inimigos, embora um segundo parlamentar tenha afirmado que isso só aconteceria se os interesses vitais de Teerã estivessem em risco. Cerca de um quinto do consumo total de petróleo do mundo passa pelo estreito.

O SEB afirmou que qualquer fechamento do estreito ou realocação para outros produtores regionais “aumentaria significativamente” os preços do petróleo, mas afirmou que via esse cenário como um risco de cauda, ​​e não como um cenário base, dada a dependência da China do petróleo bruto do Golfo.

Ajay Parmar, diretor de análise de transição de petróleo e energia da consultoria ICIS, afirmou à CNBC ser improvável que o Irã consiga impor um bloqueio do estreito por muito tempo. “A maior parte das exportações de petróleo do Irã para a China passa por este estreito e é improvável que Trump tolere a inevitável alta subsequente do preço do petróleo por muito tempo — a pressão diplomática das duas maiores economias do mundo também seria significativa”, afirmou.

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Gustavo Cruz aponta que, se nas 2 últimas leituras, o CPI (índice de inflação ao consumidor dos EUA) teve uma desaceleração nos preços dos combustíveis contribuindo para uma inflação menor, as próximas leituras podem ter o efeito contrário por conta desse movimento.

Aqui no Brasil, a Petrobras (PETR3;PETR4) deve adotar a postura de aguardar para analisar o quão definitivo é o novo cenário antes de pensar em repasse de preços.

“Esses são os grandes efeitos”, avalia o estrategista, ressaltando que empresas de defesa dos EUA tendem a se valorizar também, enquanto existem efeitos menores, como encarecimento de ureia e amônia, o que já preocupa produtores rurais. Além disso, encarecimento de metanol e PVC preocupa o setor industrial.

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Aversão a risco

Para Marcos Praça, diretor de Análise na ZERO Markets Brasil, pode-se esperar uma abertura dos mercados em geral no vermelho, com o preço do petróleo sendo condicionado aos desdobramentos sobre o Estreito de Ormuz.

“Pode-se esperar uma queda dos ativos de risco, mas ainda é especulação pela expectativa do que pode acontecer, são muitos temas que estão na mesa, mas muitos termos ainda são sigilosos. O que há são as especulações de como o Irã pode atuar após o ataque dos EUA. Assim, projeção de mercado negativo, petróleo em alta, mas se isso vai ditar a tendência dependerá da reação do Irã”, avalia.

Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, aponta que a expectativa é de busca por ativos menos arriscados, como moedas fortes (incluindo o dólar), ouro e treasuries.

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“Ativos de risco, como ações, tendem a sofrer um fluxo de saída no curto prazo. O mercado que responde mais rapidamente a eventos fora do horário de pregão, o de criptoativos, já mostra essa tendência, com queda forte do bitcoin neste domingo. O momento requer cautela e uma alocação equilibrada, com ativos de proteção para evitar efeitos muito agudos do momento de volatilidade no portfólio”, avalia a estrategista.

(com agências internacionais)



FonteCâmara dos Deputados

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