Como obter qualidade e liquidez no alto rendimento

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Este artigo foi escrito por Amine Khanjar, pesquisador de dados quantitativos da Bloomberg. 

Os títulos de alto rendimento (HY bonds) já foram considerados instrumentos especulativos e voláteis, mais adequados a negociações oportunistas do que a alocações de longo prazo. Embora essa classe de ativos envolva maior risco em comparação a outros segmentos essenciais da renda fixa, as evidências empíricas apontam que os títulos de alto rendimento (HY) podem contribuir de forma eficaz para a compensação de riscos em alocações estratégicas de longo prazo. Quando cuidadosamente integrada a portfólios diversificados, a exposição ao crédito abaixo do grau de investimento pode melhorar o potencial de retorno e, ao mesmo tempo, proporcionar estabilidade de renda e benefícios de diversificação atraentes em relação a outros setores de renda fixa ao longo do ciclo de negócios.

O que torna os HY atraentes é, em essência, sua vantagem estrutural em termos de rendimento. Em horizontes mais estendidos, o rendimento tem se mostrado um indicador confiável na previsão do retorno total em renda fixa. Décadas de dados do mercado revelam que os títulos de alto rendimento ofereceram retornos no longo prazo semelhantes aos dos mercados de ações, mas com menor volatilidade. Esse perfil atraente de risco e retorno tornou o alto rendimento uma ferramenta valiosa para aumentar a eficiência do portfólio.

Como destacado na figura abaixo, o high yield teve uma sharpe ratio de 0,48 no período de 2000 a 2025, acima dos títulos do Tesouro (0,32) e das ações (0,35), o que ressalta seu perfil eficiente de retorno ajustado ao risco.

Além disso, os títulos de HY apresentam uma correlação relativamente baixa com os agregados principais de renda fixa, oferecendo uma diversificação relevante nas alocações desse segmento. Esse fator ganha destaque em cenários de alta de juros ou pressões inflacionárias, contextos em que ativos de longa duração tendem a apresentar desempenho inferior.

Mas gerar valor no mercado de alto rendimento vai além de uma ampla exposição. Essa classe de ativos é altamente heterogênea, abrangendo um vasto espectro de qualidade de crédito – desde os “anjos caídos” com classificação BB, logo abaixo do grau de investimento, até nomes com classificação CCC, profundamente deteriorados e à beira do default. A liquidez também varia significativamente. Uma grande parcela do universo dos HY é negociada com pouca frequência, com amplos spreads de compra e venda e baixa propriedade institucional, o que aumenta seus custos de transação e dificulta sua execução em mercados voláteis.

Tanto a qualidade do crédito quanto a liquidez tendem a apresentar correlação positiva com o tamanho do emissor. Títulos de emissores de HY de maior porte tendem a ter maior rating e são respaldados por balanços patrimoniais mais fortes. Nos últimos 25 anos, os 100 maiores emissores de high yield por valor de mercado apresentaram índices de alavancagem cerca de 0,7x menores do que os do universo mais amplo, e índices de cobertura de juros cerca de 1,2x superiores. Seus títulos são mais líquidos, negociados mais ativamente e mais amplamente mantidos por gestores institucionais. Isso se traduz em spreads mais estreitos e menores custos friccionais, como mostra a Figura 2.

Notadamente, portfólios inclinados para os maiores emissores tendem naturalmente a se deslocar para a faixa de classificação BB, que historicamente vem oferecendo desempenho ajustado ao risco atraente no alto rendimento. Títulos com classificação BB tiveram, em média, retornos anuais de 6,7% nos últimos 25 anos, com volatilidade significativamente menor do que seus equivalentes com menor classificação. Esses títulos podem oferecer um equilíbrio entre rendimento e estabilidade de crédito, gerando um perfil de carry robusto e evitando algumas das quedas acentuadas que afetam as faixas inferiores do HY. Em contraste, títulos classificados como CCC e CC, embora apresentem yelds nominais mais altos, tiveram desempenho inferior quando ajustados ao risco. Com retornos anuais realizados de 5,9% e 5,6%, respectivamente, esses títulos apresentam um risco de default elevado e, historicamente, sofreram as maiores perdas em momentos de retração do mercado.

A contribuição de renda desses emissores de HY de melhor qualidade também não é desprezível. Os cupons dos títulos classificados como BB costumam superar os títulos do Tesouro em 300 a 400 pontos-base, oferecendo uma fonte potencialmente consistente de renda e mitigando os efeitos da volatilidade dos preços. Além disso, esses papéis tendem a ocupar posições senior na estrutura de capital e contam com cláusulas contratuais mais robustas, o que reforça ainda mais sua resiliência relativa.

Recentemente, a prevalência crescente de emissores altamente endividados e a crescente concentração em setores como energia e telecomunicações levantaram questões sobre os riscos sistêmicos dos índices ponderados por valor de mercado. Emissores com ponderação igual podem garantir uma diversificação mais ampla e reduzir os riscos individuais associados aos eventos específicos de uma empresa, ao mesmo tempo em que mantêm as características essenciais que tornam os índices ponderados por valor de mercado atraentes para investidores institucionais.

A Figura 4, abaixo, mostra como a ponderação equilibrada dos títulos de cupom mais altos dos top 100 emissores (Bloomberg US HY Top100 Quality Select Equal Weighted Index) poderia resultar em um desempenho superior de 65 pb em comparação ao índice Bloomberg HY ampliado desde 2007, com diminuição da volatilidade.

Concluindo, o mercado de alto rendimento pode oferecer oportunidades que vão além do rendimento superficial. Quando analisados com rigor, atenção à liquidez e de acordo com técnicas criteriosas de construção de portfólio, os títulos HY podem desempenhar um papel central em alocações estratégicas de longo prazo. Seja por meio de inclinações para emissores maiores e de maior qualidade, triagem por liquidez ou adoção de metodologias de ponderação alternativas, os investidores podem explorar o potencial do HY, sabendo reconhecer seus riscos.

  • A F/m Investments lançou o F/M High Yield 100 ETF, acompanhando o Bloomberg U.S. High Yield Top 100 Quality Select Equal Weighted Index (HYTOP100) sob o ticker ZTOP.



FonteCâmara dos Deputados

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