Ações da Gol revelam um raro “almoço grátis” no mercado financeiro

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A Gol saiu do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos (Chapter 11) com um reforço de R$ 12 bilhões em capital e a emissão de quase 9 trilhões de novas ações. No entanto, o que tem chamado atenção é o comportamento do investidor pessoa física. Em meio a movimentos especulativos, os papéis chegam a ser negociados acima dos R$ 200, mesmo com direitos de subscrição disponíveis por apenas R$ 10.

O descompasso entre o valor real dos direitos de subscrição e o preço inflado das ações no mercado gerou uma oportunidade pontual de lucro. Ao mesmo tempo, expõe uma falta de entendimento que alimenta uma bolha de curto prazo. 

“Essa distorção é muito grande. Honestamente, nunca vi algo assim”, revela Welliam Wang, gestor responsável pela área de renda variável na AZ Quest, ao InfoMoney. O que poderia ter sido uma arbitragem típica, virou uma situação talvez inédita na Bolsa de Valores brasileira — e o que ele chama de “almoço grátis”. 

Os analistas do BTG Pactual vão na mesma direção. Em relatório recente, eles apontaram que a distorção é tamanha que, considerando a nova base acionária e os preços praticados no mercado, a Gol chegou a ser avaliada em R$ 240 bilhões.

Para base de comparação, o valor é superior ao de companhias como WEG (WEGE3), Localiza (RENT3) e Rumo (RAIL3). “Sabemos que a Gol acaba de sair do Chapter 11 e que esse valor não faz sentido. Algo definitivamente não está certo”, escreveram.

O que é o direito de subscrição?

O direito de subscrição permite que acionistas comprem novas ações emitidas por uma empresa antes que elas sejam oferecidas ao mercado em geral, e por um preço previamente definido. Na prática, funciona como uma espécie de opção de compra, garantindo prioridade na aquisição desses papéis sob condições mais vantajosas.

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“Muita gente nem sabe o que fazer com os direitos e já vendeu”, alerta Wang. “Se você tem o direito de comprar algo que vale R$ 200 por apenas R$ 10, esse direito deveria valer muito.”

Segundo o BTG, a confusão também se agravou pela nova estrutura de negociação da Gol, visto que as ações passaram a ser cotadas em lotes de mil, com novos códigos e valores atípicos. “Não descartamos que a conversão para as novas ações tenha gerado confusão no mercado”, escreveram os analistas.

Bolha especulativa e valores inflados

A estrutura da emissão da Gol é complexa: novos papéis preferenciais foram precificados a R$ 0,01, e mais de 8 trilhões de ações ordinárias foram emitidas. O direito de subscrição garante que os atuais acionistas possam comprar essas novas ações por R$ 10.

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Mesmo assim, os papéis estão sendo negociados a preços dezenas de vezes mais altos. O gestor reforça ainda que a distorção não se limita ao preço da ação em si. Se os papéis continuarem sendo negociados a R$ 0,10 após a emissão, o valor total da companhia saltaria para R$ 260 bilhões — em linha com os cálculos dos analistas do BTG, citado anteriormente.

“A Gol saiu do Chapter 11, cheia de dívidas. Você realmente acredita que ela vale isso?”, questiona Wang. Mesmo usando uma métrica comum de avaliação, como o múltiplo de EBITDA, o número já chama a atenção por chegar a algo próximo a 50 vezes. “Isso é muito caro, equivalente a 10 vezes o múltiplo razoável dela. O preço está supervalorizado.”

O BTG também chama a atenção para o baixo volume financeiro negociado, o que dificulta a formação de um preço justo para a ação. Diante desse cenário, os analistas recomendam a venda dos papéis e acreditam que, em algum momento, o valor praticado no mercado deve se aproximar mais da realidade financeira da empresa.

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B3 e a negociação em lotes

A B3 tentou conter a euforia do mercado ao determinar que as negociações ocorressem em lotes de mil ações. A medida, no entanto, não foi suficiente para frear o entusiasmo dos investidores nem os movimentos especulativos.

Segundo Welliam Wang, gestor da AZ Quest, a decisão causou mais confusão para o investidor pessoa física. “Tem gente que vendeu a R$ 10, depois viu o papel a R$ 700 e agora a R$ 200. Muitos não entendem o que está por trás disso.”

Vale lembrar que o prazo final para exercer os direitos de subscrição é 11 de julho. Até lá, a janela para lucrar com essa discrepância de preços ainda permanece aberta para os investidores que querem lucrar com a especulação, mas tende a se fechar em breve.

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Wang avalia que a lógica dos preços deve prevalecer com o tempo. “Em algum momento, o investidor vai se perguntar: por que estou pagando R$ 200 se posso comprar por R$ 10? E esse questionamento deve ficar mais evidente conforme nos aproximarmos do dia 11 de julho.”



FonteCâmara dos Deputados

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