Fraudes do INSS afetam imagem do governo, diz Lula a podcast | Política

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que as denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) afetaram a popularidade de seu governo, detectada em últimas pesquisas de avaliação da sua administração. Apesar de ressaltar que as irregularidades foram descobertas em seu governo, originadas na gestão anterior, Lula reconhece que os levantamentos são uma “fotografia do momento”.

“Eu sempre acho que pesquisa é uma fotografia do momento. Até o segundo semestre deste ano, eu dizia para as pessoas: não há por que ainda terem a afirmação de que o governo está indo muito bem, porque a gente não está entregando as coisas que nós temos que entregar. Este é o ano da colheita. Nós vamos entregar”, disse o petista.

A declaração foi feita em entrevista ao podcast “Mano a Mano”, gravada no domingo (15) no Palácio da Alvorada e que foi ao ar na madrugada desta quinta-feira. O podcast é apresentado pelo rapper Mano Brown e pela jornalista Semayat Oliveira.

Duas pesquisas divulgadas na quinta-feira (12), pelo Datafolha e Ipsos-Ipec, indicam a dificuldade do governo do presidente Lula em reverter a crise de popularidade. Segundo o Datafolha, o governo Lula é visto como ruim ou péssimo por 40% e ótimo ou bom por 28%. Na Ipsos-Ipec, a gestão tem avaliação negativa de 43% e positiva de 25%.

“Quando sai uma denúncia de corrupção no meu governo, é normal que, no momento, as pessoas pensem que foi no governo Lula, porque fomos nós que descobrimos. Então, cabe a nós dizer em alto e bom som por que aconteceu aquela corrupção, quem foi que fez aquilo, quem é a quadrilha que estava por trás daquilo. E aí isso cria um debate. Eles sempre vão dizer que fomos nós, e nós sempre vamos dizer a verdade”, declarou o petista.

Lula disse que a o esquema foi descoberto pela Controladoria Geral da União (CGU) e a Polícia Federal, movido por “várias entidades que foram criadas no governo Bolsonaro”. “Na perspectiva de mudança de governo, eles facilitaram para que os caras pudessem cobrar dos aposentados, colocar seus nomes como se fossem os sócios, mandaram o nome do aposentado como se fosse para o INSS, o INSS mandava para o Serpro [Serviço Federal de Processamento de Dados] e o Serpro autorizava o pagamento de um desconto”. O presidente afirmou que as investigações continuam e que “certamente” os responsáveis serão presos.

Instado por Mano Brown a explicar a escolha do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) para seu vice, Lula elogiou o companheiro de chapa à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, afirmando que ele tem feito um trabalho extraordinário para reaquecer a indústria brasileira.

O presidente também ressaltou que a escolha de Alckmin para a vice-presidência foi fundamental para evitar situações semelhantes ao impeachment de Dilma Rousseff (PT). “Eu, sinceramente, acho que fiz um acerto em trazer o Alckmin para ser vice, porque senão, poderia trazer outra pessoa que, como o [Michel] Temer, desse um golpe na Dilma [Rousseff]. Ele não é esse tipo de gente”, afirmou.

Ainda sobre o governo anterior ao seu, o presidente comparou a situação do Brasil sob o governo de Jair Bolsonaro (PL) à destruição vista na Faixa de Gaza. Lula disse que encontrou um país “semidestruído” ao reassumir o cargo, com ministérios desmantelados de forma “proposital”, e associou o ex-presidente à negação da democracia, em linha com líderes da Hungria, dos Estados Unidos e da Argentina.

“Chegamos quatro anos atrás a ter um presidente que negava tudo […]. De vez em quando, olho para a destruição na Faixa de Gaza e fico imaginando o Brasil que encontramos. Aqui a gente não tinha mais Ministério do Trabalho, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos, da Cultura. Tinha sido uma destruição proposital. O presidente não gostava de nenhum ministério que pudesse ser uma alavanca de organização da sociedade”, comentou Lula.

Sobre se pretende disputar a reeleição em 2026, Lula disse que isso não depende dele, mas se for candidato será para ganhar. “Eu não sou um candidato meu, se eu estiver no momento eleitoral com a saúde que estou hoje, com a vontade que estou hoje, e com a disposição que eu tenho, eu serei candidato a ganhar as eleições”, afirmou.

Para o presidente, os potenciais adversários terão que trabalhar muito para vencer. “A extrema direita está procurando candidato, eu vejo todo dia nomes, não tem problema, pode procurar quanto quiser: se eu for candidato é para ganhar as eleições. Se depender de meu esforço, a extrema direita não volta a governar este país.”



Fonte Agência Brasil

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