Como o mercado deve reagir ao aumento da Selic para 15,% a.a.?

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A decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que elevou a taxa para 15% a.a. dos 14,75% a.a. anteriores, não era consenso no mercado. Nesse caso, além da decisão em si, a comunicação também indicou a preocupação com convergência da inflação em direção ao centro da meta.

“Na comunicação, são três pontos principais. O primeiro deles é que o balanço de riscos segue desfavorável. O segundo, a segunda comunicação é de que ele interrompe o processo de alta nesse momento para aguardar os efeitos do aperto monetário já realizado. E por último, ele deixa bastante claro que ele está disposto a retomar o ciclo de alta caso o cenário dele não se confirme”, afirma Roberto Padovani, economista do banco BV.

Em sua visão, a decisão em si pode ser positivamente recebida pelos mercados, porque demonstra o compromisso do BC com a estabilidade econômica. A mudança na taxa também pode sinalizar para dólar relativamente estável.

“Para o mercado de capitais, a decisão reforça a necessidade de disciplina macroeconômica e o papel crucial da política monetária na preservação da confiança dos investidores”, diz Pablo Spyer, conselheiro da Ancord, que também considera que a decisão demonstrou compromisso bom estabilidade de preços em cenário de incerteza local e externa.

Para Marcio Saito, CFO da Entrepay, o mercado pode reagir com ajustes moderados. “Queda leve nos juros futuros, real um pouco mais forte e movimentações pontuais na Bolsa”, aponta.

Câmbio

A elevação da Selic para 15,00% também tende a impactar o mercado de câmbio, na visão de alguns analistas, ainda mais considerando que durante a tarde desta quarta-feira o Federal Reserve sinalizou a possibilidade de um ou dois cortes de 25 pontos-base este ano em sua taxa de juros, hoje na faixa de 4,25% a 4,50%.

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“Se o Fed cortar para 4% no segundo semestre, e o Copom mantiver a Selic em 15%, estaremos falando de um diferencial de 11 pontos percentuais — um diferencial brutal”, escreveu Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. “Isso deve fortalecer ainda mais o real, que tende a se apreciar nos próximos dias.”

Na visão de Serrano, do Bmg, a trajetória de queda do dólar ante o real está em curso e a decisão do Copom, em si, contribui para isso. “No geral, vemos o real com potencial para continuar se valorizando”, pontuou.

DIs

Além de elevar a Selic para 15,00% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central antecipou a intenção de manter a taxa neste nível na reunião do fim de julho, para avaliar o cenário. Na prática, em seu comunicado o BC deixou a porta aberta para promover mais aumentos da Selic no futuro, se necessário.

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No mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros), até antes da reunião a curva precificava chances maiores de elevação de 25 pontos-base da Selic — como de fato ocorreu –, mas as apostas na manutenção da taxa não eram desprezíveis.

Em função disso, o economista-chefe do Bmg, Flavio Serrano, acredita que as taxas dos DIs de curto e médio prazo tendem a subir na sexta-feira pós-feriado — com elevação maior nos contratos até janeiro de 2027 e um pouco menor a partir do janeiro de 2028.

“Até janeiro 2027 pode subir 10 (pontos-base), 15 no máximo, com a alta do 2028 um pouco menor”, afirmou.

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Esses ajustes na curva também levarão em consideração o fato de que, pelo comunicado, o BC indicou uma pausa no ciclo de altas da Selic, mas não descartou retomá-lo à frente, se o cenário exigir. Em tese, isso eleva as chances de o início de um novo ciclo — desta vez de cortes da taxa — ocorrer apenas em 2026, e não no fim de 2025 como muitas casas ainda projetam.

“A parte mais curta da curva deve sentir um pouco, com o janeiro 2026 e o janeiro 2027 (com taxas) em alta, porque há ali (precificado) corte já na virada do ano. Isso (comunicado do Copom) empurra os cortes um pouco mais para frente”, avaliou o gestor de Renda Fixa Ativa da Inter Asset, Ian Lima.

Segundo ele, considerando a estrutura da curva, nos contratos mais longos o efeito do Copom pode ser de uma queda das taxas, ainda que menor, ou de uma alta menos pronunciada. Isso porque os DIs longos dependem mais diretamente do cenário externo, do movimento dos Treasuries e, internamente, das questões que envolvem o equilíbrio fiscal do governo Lula.

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Para o diretor de macroeconomia do ASA e ex-diretor de Política Econômica do BC, Fábio Kanczuk, a parte curta da curva será de fato calibrada para cima, já que boa parte do mercado previa manutenção da Selic.

Mas ele acrescentou que, como o mercado não acredita no “período bem prolongado” de juros no patamar de 15,00%, a parte longa da curva deve cair. “Os juros de 1 ou 2 anos à frente não é esse 15%, é menos. As pessoas já estão precificando queda, vão precificar mais queda ainda”, opinou.

(com Reuters)



FonteCâmara dos Deputados

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