Como Ela Foi do Transporte Escolar a Líder de Marketing no Grupo Boticário

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Muito antes de assumir a diretoria de marketing no Grupo Boticário, Giovana Orlandeli descobriu sua paixão pela liderança dentro de casa. Aos 16 anos, começou a trabalhar ao lado da mãe, que tinha um negócio de transporte escolar. “Ela me colocava na operação, cuidando de 40 crianças, arrumando mochilas, ligando para mães e alterando rotas”, lembra a executiva, que hoje lidera uma equipe de 70 profissionais à frente das marcas Eudora, TRUSS, Vult e O.U.i, de perfumes.

Quando a mãe adoeceu, passou a equilibrar a gestão do negócio com a faculdade de design. “Não sabia o que estava fazendo, mas assumi. Tinha 18 anos e geria motoristas, homens maduros, de 40, 50 anos.”

A experiência rendeu aprendizados que influenciaram sua carreira e seu estilo de liderança. “Me deu um senso de dono muito forte. Aprendi a olhar para as coisas como se fossem minhas”, diz. “Pensava: ‘Vamos gastar esse dinheiro mesmo? Essa é a melhor decisão? Faz sentido?’. E carrego isso até hoje.”

Com mais de 20 anos de carreira, os 5 últimos no Grupo Boticário, Giovana assume agora sua primeira posição como diretora. “Meu maior desafio é sair da execução, enquanto faço a ponte entre as informações ‘lá de cima’ e o desenvolvimento do time.”

A executiva chegou à empresa como gerente de comunicação e branding de Quem Disse, Berenice?, com o desafio de reposicionar a marca. Passou por diversas cadeiras de gestão até chegar à diretoria de marketing. “Já cuidei desde uma campanha corporativa do Grupo Boticário até um licenciamento de Pampers.”

Antes disso, trabalhou em consultorias de branding e agências até ser convidada pela Rappi, em 2019, para criar uma “agência in-house”. “Montei um time multidisciplinar, com atendimento, redator, diretor de arte e planejamento”, lembra. “Lá me encontrei profissionalmente: fazia a ponte entre o conceito e a tradução.”

Formada em design, foi no marketing que encontrou sua vocação. “Sempre fui muito questionadora, até que um gestor me disse: ‘Você está na cadeira errada. Não é hora de questionar, é hora de fazer. Se você quer questionar, deveria estar na visão estratégica’.”

Metas para o próximo ano

Como uma das primeiras funções na nova cadeira, a diretora de marketing acaba de entregar o planejamento anual das marcas sob seu guarda-chuva para 2026. “Foi um momento simbólico, quase uma validação: ‘Cheguei. Sentei na cadeira. Tracei a visão. Agora é executar.’”

“Conforme crescemos, sentimos a cobrança de sermos suficientes, mas talvez nunca exista um dia em que você se sente 100% suficiente. Só que colhemos pequenas provas ao longo da carreira. Esse dia foi uma prova.”

Entre as metas para o próximo ano, Giovana quer construir uma nova era em duas frentes: marcar o ponto de virada de algumas marcas e consolidar outras. “Precisamos colocar as marcas que têm maior potencial de trazer receita e novas comunidades, como a O.U.i, em um pipeline de aceleração”, explica. “Já marcas como Eudora, que têm grande estatura, exigem sustentação e escala: quero colocá-la cada vez mais em um lugar de protagonismo.”

Além do trabalho, a executiva também guarda sonhos para os próximos anos. “Tenho muitos lugares do mundo que quero conhecer: Japão, Indonésia, Itália. Tenho muita vontade de viajar com minha filha, levar ela para andar de balão”, conta. “É questão de tempo; se tudo der certo, vou realizando aos pouquinhos.”