JPMorgan projeta Ibovespa a 190 mil pontos em 2026 e vê cenários binários com eleição

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O JPMorgan estima, em seu cenário-base, o Ibovespa a 190 mil pontos para o fim de 2026, o que corresponde a um potencial de alta de 19% em relação ao fechamento da última segunda-feira (1). Contudo, de olho nas eleições “binárias”, os estrategistas apontam que os cenários extremos podem predominar: no cenário pessimista, o índice iria para 120 mil pontos (queda de 24%), enquanto o cenário mais otimista seria a 230 mil pontos (alta de 45%).

Olhando para o forte desempenho em 2025, a equipe de estratégia do JPMorgan aponta que o excelente desempenho da América Latina se deveu principalmente a fatores globais, mas especialmente ao dólar fraco. “Como enfatizamos várias vezes, a América Latina é a região com maior sensibilidade (beta) ao dólar, e neste ano isso se concretizou”, avalia.

Sobre 2026, a equipe do JPMorgan aponta que este ano será mais sobre diferenciação dentro dos mercados emergentes, com o Brasil provavelmente se destacando devido a fatores próprios.

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O banco segue otimista com o Brasil para 2026, seguindo com recomendação overweight (exposição acima da média) entre os emergentes, e vê dois principais motores que podem trazer retornos desproporcionalmente altos.

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Em primeiro lugar, estão os cortes nas taxas de juros previstos para o primeiro trimestre. “As taxas reais são as mais altas do mundo, o que está ajudando a economia a desacelerar e a inflação a acompanhar essa tendência”, avalia a equipe de estratégia. O JPMorgan vê o início do afrouxamento monetário como uma decisão apertada entre janeiro e março. Uma vez iniciado o processo, o Banco Central deve cortar as taxas em 0,5 ponto percentual em cada reunião, reduzindo as taxas em 350 a 400 pontos-base (ou 3,5 a 4 pontos percentuais), o que é um grande impulso para as ações.

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“O segundo tema é que este será o primeiro ciclo de afrouxamento na história a ocorrer junto com eleições”, avalia, acreditando que o tema eleitoral será muito relevante no máximo a partir de abril. A corrida presidencial de outubro de 2026 já está no centro das atenções e, considerando que o resultado é binário e provavelmente apertado, a volatilidade será alta, ressalta. “O mercado pode atingir o pico no início do ciclo de afrouxamento e, após as eleições, pode superar esse nível ou cair significativamente abaixo dele”, complementa.

Nunca antes…

Nunca foi tão difícil definir uma meta para o final do ano, aponta o JPMorgan, considerando que o Brasil é uma aposta muito binária. Para os estrategistas, um ambiente de taxas mais baixas não deve durar muito se a política fiscal a partir de 2027 não representar uma ruptura completa em relação ao que ocorreu nos últimos 3 anos, quando a dívida do Brasil em relação ao PIB aumentou mais de 10% do PIB e os gastos cresceram mais de 20%. “Portanto, o resultado das eleições importa”, avalia.

Assim, o cenário base para o Ibovespa é 190 mil pontos, mas, pelos motivos já mencionados, o banco vê que provavelmente prevalecerá o cenário otimista ou pessimista.

Assim como em 2025, a maior parte dos retornos do Brasil provavelmente virá da reavaliação (ou desvalorização) do mercado.

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“O Brasil é um dos poucos mercados emergentes ainda negociando com desconto em relação à média e tem um P/L (preço sobre lucro) muito inferior ao dos pares emergentes. Sete dos dez setores estão negociando abaixo de suas próprias médias, bem como das médias dos mercados emergentes e globais”, avalia.

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Os lucros provavelmente ficarão na casa dos dígitos baixos, à medida que a economia desacelera de cerca de 2% para perto de 1%, embora os custos de financiamento mais baixos, decorrentes do afrouxamento das taxas, possam melhorar os resultados ao longo do ano.

Principais eventos para ficar de olho

Para os estrategistas, a reunião do BC sobre política monetária em 28 de janeiro é crucial, pois pode marcar o início do afrouxamento monetário. Caso contrário, o afrouxamento provavelmente começará em 18 de março.

No campo político, o Congresso reabre na primeira semana de fevereiro, mas a atividade se intensifica após o Carnaval, na semana de 23 de fevereiro. Também após essa data, pode haver uma definição maior sobre os candidatos à eleição presidencial. Candidatos que concorrerem a cargos diferentes dos que ocupam terão que renunciar até 4 de abril (este é o prazo, por exemplo, para Tarcísio de Freitas deixar o governo de São Paulo para uma eventual candidatura presidencial).

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O primeiro turno da eleição será em 4 de outubro e o segundo turno em 25 de outubro. O presidente eleito, governadores e congressistas tomam posse em 1º de janeiro de 2027.

Entre os riscos, as questões locais que podem prejudicar a narrativa do Brasil giram principalmente em torno de uma eleição imprevisível. “Por isso, o tema político está no centro das atenções dos investidores. Além disso, sempre há o risco de recessão se o banco central acabar atrasando demais o afrouxamento ou cortando as taxas muito lentamente para não comprometer o nível do real”, reforça.

Visão para emergentes

De um modo geral, os estrategistas avaliam que as ações de mercados emergentes estão preparadas para um forte desempenho em 2026, impulsionadas por taxas de juros locais mais baixas, maior crescimento dos lucros, avaliações atrativas, melhorias adicionais na governança corporativa, balanços fiscais mais saudáveis ​​e crescimento global resiliente.

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O banco projeta uma valorização de 15% no cenário base para o índice MSCI de emergentes (MSCI EM a 1.575), impulsionada principalmente pelo crescimento dos lucros – que esperam em dois dígitos, em linha com o consenso.

A China teve a sua exposição elevada para overweight, pois o banco espera que sua recuperação continue em 2026 (aprofundamento do desenvolvimento de inteligência artificial, reformas do lado da oferta, apoio ao consumo). O sentimento positivo em relação às ações chinesas também tende a ditar o tom para o desempenho geral dos mercados emergentes e fluxos ativos. As outras posições de mercado estão na Coreia (reformas de governança, forte demanda por memória); Índia (impulso nos lucros devido à flexibilização monetária dupla e à recuperação da demanda interna); Brasil; África do Sul (impulso devido aos termos de troca, alta do ouro e sucesso inicial das reformas); Emirados Árabes Unidos (crescimento composto de longo prazo); Grécia e Polônia (impulso da Europa).

“Nossos estrategistas globais estão posicionados em mercados emergentes versus mercados desenvolvidos no contexto global de ações”, aponta a equipe de estratégia.

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Fonte Infomoney

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