Netanyahu: Israel terá poder de veto sobre força de Gaza – 26/10/2025 – Mundo

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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse neste domingo (26) que Israel sozinho decidiria quais países permitiria participar de uma planejada força de segurança internacional em Gaza.

De acordo com um cessar-fogo mediado pelos EUA entre o grupo terrorista Hamas e Israel, uma coalizão de potências principalmente árabes e muçulmanas deve enviar tropas para o território palestino.

No entanto, Netanyahu, que se opõe a que o rival regional Turquia tenha um papel na força conjunta, disse: “Deixamos claro com relação às forças internacionais que Israel determinará quais forças são inaceitáveis para nós”.

Também neste domingo, Netanyahu disse que, como um Estado soberano, Israel determinará sua política de segurança e com quais forças estrangeiras trabalhar.

“Nós controlamos nossa própria segurança e deixamos claro às forças internacionais que Israel decidirá quais forças são inaceitáveis para nós — e é assim que agimos e continuaremos a agir”, disse o primeiro-ministro israelense no início de uma reunião de gabinete.

“Isso é, naturalmente, aceito pelos Estados Unidos, como seus representantes mais graduados expressaram nos últimos dias”, declarou o premiê.

Na quarta-feira (22), Netanyahu teve reunião com o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance. Após o encontro, o primeiro-ministro israelense rejeitou de forma contundente a ideia de que seu país seja um vassalo dos Estados Unidos, classificando essa interpretação como besteira, de acordo com o jornal The Times of Israel.

“Numa semana, dizem que Israel controla os EUA. Na semana seguinte, dizem que os EUA controlam Israel. Isso é besteira. Temos uma aliança entre parceiros que compartilham valores comuns. Podemos ter divergências aqui e ali, mas, no último ano, tivemos um acordo não só sobre os objetivos, mas também sobre como alcançá-los”, disse, ainda segundo a publicação.

Os EUA são os maiores aliados e os principais fornecedores de armas e equipamentos militares de Israel. Netanyahu elogiou o papel americano na região e destacou que a cooperação com Washington tem sido essencial para o avanço dos objetivos de segurança e diplomacia de seu país. “Conseguimos colocar a faca na garganta do Hamas”, afirmou.

O plano de Trump para Gaza prevê a criação de um comitê palestino tecnocrático supervisionado por um conselho internacional, sem que o Hamas tenha papel algum no governo. Críticos acusam a estratégia de uma forma de tutela inspirada em regimes coloniais do passado.

Na semana retrasada, Mohammed Nazzal, dirigente do Hamas, disse à agência Reuters que o grupo esperava desempenhar algum papel de segurança em Gaza durante um período de transição indefinido.

Com um Hamas enfraquecido após dois anos de guerra contra Israel e uma Autoridade Palestina deslegitimada, os palestinos da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e da diáspora se veem sem lideranças capazes de navegar o momento político e conquistar avanços na direção de construir um Estado próprio.

A Corte Internacional de Justiça, ligada às Nações Unidas, afirmou na quarta-feira (22) que Israel tem a obrigação de garantir que as necessidades básicas da população civil da Faixa de Gaza sejam atendidas.

O parecer foi emitido a pedido da ONU, que solicitou ao tribunal com sede em Haia que esclarecesse as responsabilidades de Israel perante a organização e suas agências. A corte disse que Tel Aviv não deve usar a fome como “método de guerra” e precisa colaborar com as operações de ajuda humanitária coordenadas pela ONU, incluindo a UNRWA, responsável pelo atendimento a refugiados palestinos.

O escritório humanitário da ONU afirma que Israel negou ou impediu 45% das 8.000 missões humanitárias solicitadas em Gaza desde 2023.

A decisão ocorreu em meio à crise humanitária provocada pela ofensiva militar. O acordo de cessar-fogo, costurado pelos Estados Unidos, está sob risco de ruir, e Tel Aviv ameaçou cortar entrada de ajuda humanitária caso o Hamas não cumpra sua parte dos termos acertados.

O acordo de paz inclui a entrada de 600 caminhões de ajuda por dia no território, onde a maioria dos 2 milhões de palestinos tem sido deslocada de suas casas. Israel já acusou o Hamas de desviar alimentos enviados, o que o grupo nega, e argumentou que as restrições à ajuda visam a pressionar a facção.



Fonte UOL

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