4 hábitos que podem reduzir o risco de Parkinson, segundo pesquisas recentes

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O avanço da ciência tem mostrado que o Parkinson, doença que compromete os movimentos e a coordenação motora ao longo dos anos, está longe de ser apenas uma questão genética.

Nos últimos 25 anos, o número de pessoas diagnosticadas mais que dobrou, ultrapassando 8 milhões de casos no mundo. A estimativa da Organização Mundial da Saúde é de que o total chegue a 25 milhões até 2050.

Os sintomas clássicos, como tremores, rigidez e lentidão, surgem quando neurônios em uma região do cérebro chamada gânglios da base começam a se degenerar. A maioria dos casos é considerada “esporádica”, sem origem hereditária conhecida, o que tem levado pesquisadores a olhar para o papel do ambiente e dos hábitos de vida.

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Diversos estudos já apontaram que atividade física regular e alimentação natural ajudam a reduzir o risco da doença. Mas novas evidências mostram que outros fatores, menos óbvios, também podem ter papel importante na proteção do cérebro. As informações foram compiladas pelo jornal The Washington Post.

1. Cafeína como aliada

Pesquisas em diferentes países indicam que o consumo regular de café e chá pode estar relacionado a um risco até 30% menor de desenvolver Parkinson. O efeito é atribuído à cafeína, que parece proteger o cérebro ao reduzir inflamações e o estresse oxidativo, processo que danifica células nervosas.

    Uma revisão publicada em 2010 analisou 26 estudos e mostrou uma consistência global no efeito protetor da cafeína, independentemente da cultura ou dieta local. Segundo o neurologista Eng-King Tan, da Escola de Medicina Duke-NUS (Singapura), o impacto é comparável ao do exercício físico em termos de proteção neurológica.

    Pesquisas mais recentes, lideradas pelo próprio Tan, sugerem ainda que o consumo de café ou chá pode beneficiar pessoas com predisposição genética à doença, ajudando a retardar o surgimento dos sintomas.

    2. Solventes industriais

    Produtos químicos utilizados em lavanderias a seco, limpeza de peças metálicas e fabricação de móveis, especialmente o tricloroetileno (TCE) e o percloroetileno (PCE), estão sob suspeita por seu potencial neurotóxico.

      Essas substâncias, já classificadas como cancerígenas, também podem comprometer o sistema nervoso e estão sendo associadas a um aumento expressivo no risco de Parkinson.

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      Um levantamento realizado com veteranos norte-americanos mostrou que aqueles expostos à água contaminada com TCE e PCE apresentaram 70% mais casos da doença do que os que viveram em regiões sem contaminação.

      Segundo especialistas, o contato prolongado com vapores ou água poluída por solventes pode causar danos cumulativos ao cérebro, um fator muitas vezes negligenciado em ambientes industriais ou residenciais antigos.

      3. Pesticidas e agrotóxicos

      A associação entre exposição a pesticidas e o aumento no risco de Parkinson é uma das mais consistentes na literatura médica, segundo o levantamento do Post. Um estudo conduzido na Califórnia em 2011 revelou que trabalhadores expostos aos compostos ziram, maneb e paraquat tinham três vezes mais probabilidade de desenvolver a doença.

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        Embora o risco seja maior em áreas rurais e agrícolas, especialistas recomendam reduzir o uso doméstico de pesticidas e priorizar alimentos orgânicos. Pesquisas mostram que, ao substituir produtos convencionais por orgânicos, os níveis de resíduos tóxicos detectados na urina caem de forma significativa em poucos dias.

        Mesmo quem não tem acesso constante a alimentos orgânicos pode adotar medidas simples, como lavar frutas e verduras com soluções à base de bicarbonato de sódio, para minimizar o contato com agrotóxicos.

        4. Filtrar a água protege o cérebro

        Além do ar e dos alimentos, a água potável pode ser uma fonte silenciosa de exposição a pesticidas e solventes industriais. Um levantamento nos Estados Unidos apontou que quase metade dos poços domésticos analisados apresentava compostos químicos potencialmente nocivos.

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          Outro estudo, de 2009, identificou que pessoas que consumiam água proveniente de áreas agrícolas tinham até 90% mais risco de desenvolver Parkinson.

          Para reduzir essa exposição, pesquisadores recomendam o uso de filtros com carvão ativado ou osmose reversa, capazes de remover resíduos de pesticidas e solventes. Segundo o neurologista Ray Dorsey, da Universidade de Rochester, o investimento é simples e pode gerar grande impacto preventivo.

          Campo de prevenção

          Embora não exista cura nem tratamento capaz de interromper a progressão do Parkinson, os cientistas afirmam que parte do risco pode ser controlada por escolhas ambientais e comportamentais.

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          “Cada vez mais entendemos que o Parkinson não é apenas uma questão de genética, mas também de exposição”, explica Dorsey ao jornal. “Isso significa que há espaço real para a prevenção.”

          Os estudos recentes reforçam uma visão mais ampla da saúde neurológica, em que pequenos hábitos diários, somados ao longo do tempo, podem ajudar a reduzir as chances de desenvolver doenças degenerativas e preservar o cérebro por mais tempo.



Fonte Infomoney

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