Como Dois Irmãos Transformaram Sushi Caseiro em uma Rede de R$ 220 Milhões

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Caio Rabello/Grupo Rão/Divulgação

Os irmãos Lemos estão à frente do Grupo Rão

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O Grupo Rão é uma foodtech brasileira que nasceu como um restaurante de sushi e que hoje possui 210 unidades e um faturamento de R$ 220 milhões. Sua ambição é abrir o capital para ampliar a sua presença em todos os estados brasileiros, além de reforçar sua atuação no exterior e entrar para o clube das empresas que ostentam bilhões de faturamento.

Os números atuais são modestos se comparados às operações de gigantes do setor que já movimentam os tais bilhões, como iFood e Rappi. Também não fazem frente à “onda chinesa” de investimentos, que já bancou a volta do 99Food (do grupo Didi Chuxing) e pavimenta a entrada no mercado da Keeta, braço internacional da chinesa Meituan.

A aposta do Grupo Rão está em outro território, inclusive geográfico. Embora suas lojas de suas várias marcas (além do sushi, há marcas de pizza, comida árabe,  chinesa, hambúrguer etc) estejam massivamente presentes em grandes centros, como Rio e São Paulo, a foodtech planeja “comer pelas bordas”, mirando cidades pequenas de até 40 mil habitantes, e ainda reforçar a variedade de opções do aplicativo que viabiliza o negócio.

Mesmo descartando brigar com gigantes, a ambição de ampliar os negócios é grande e o horizonte, desafiador. Ao falar sobre como pretende abrir o capital, atingir o bilhão e tornar o Grupo Rão conhecido nacionalmente, Guilherme Lemos, cofundador e atual CEO da companhia, relembra como ele e o irmão montaram o negócio com poucos recursos.

O início

Assim como vários negócios do ramo de alimentação, o que é hoje o Grupo Rão nasceu na cozinha de um apartamento. No caso deles, no bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, em 2008. Quem produzia os alimentos era um amigo de Henrique Lemos, irmão de Guilherme (o CEO) e sócio na empreitada.

Esse amigo de Henrique produzia hot rolls, os rolinhos de sushi empanados e fritos (e deliciosos!). As vendas eram feitas durante os verões cariocas e o produto, mesmo sendo produzido de forma amadora, era muito requisitado.

Percebendo o sucesso do amigo, que chegava a faturar R$ 800 em um dia, Henrique, que trabalhava na autoescola da família, o estimulou a abrir um endereço físico em 2013. Nascia ali o Sushi Rão, a primeira aposta dos amigos.

O negócio caiu nas graças dos cariocas pela forma como era vendido, via Facebook, e por ser entregue em até 15 minutos. “Teve caso de cliente que ligou reclamando porque fez o pedido e chegou no meio do banho, 10 minutos depois dele ter feito a chamada”, conta Guilherme.

A primeira unidade, em Botafogo (zona sul do Rio), explodiu e, já no primeiro ano, faturou R$ 500 mil. A expansão inicial foi feita de forma familiar (family friendly), com lojas abertas por irmãos, esposa, melhor amigo e até o pai de Guilherme e Henrique.

O salto

Apesar de ver que as vendas dos sushis iam de vento em popa, Guilherme não entrou de imediato no negócio. Vivendo uma vida confortável no mercado financeiro, com salário e benefícios que faziam os seus vencimentos superarem os R$ 30 mil mensais (algo como R$ 60 mil hoje, pela correção do IPCA) ele diz que só decidiu investir quando percebeu a rápida escalada das lojas. “Vi o foguete passando e decidi que não podia perder essa oportunidade”, diz o hoje CEO.

Foi aí que, em 2014, Guilherme abriu sua própria loja no Recreio dos Bandeirantes, bairro da zona oeste que concentra parte da elite carioca, e faturou mais nela do que na multinacional do setor automotivo em que trabalhava à época. Foi aí que ele decidiu dar adeus à CLT.

O verdadeiro salto veio quando o fenômeno do cliente-investidor se manifestou no negócio. A sétima unidade, na Ilha do Governador, foi comprada por um cliente que pedia o Sushi Rão todos os dias.

As unidades foram se multiplicando rapidamente. Um novo salto ocorreu quando os franqueados existentes se tornaram multifranqueados para garantir novas áreas.

O executivo lembra de vários desafios pelo caminho, como a turbulência político-econômica que culminou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a crise do salmão no mercado mundial, a explosão do valor do dólar e a pandemia. Esta última trouxe grandes desafios, mas foi nela que o Grupo Rão cresceu ainda mais.

“Todo mundo correu para o delivery, e nós já estávamos mais do que preparados. Duplicamos nesse período. Os desafios não nos amedrontam. Creio que eles servem para nos tornarmos mais fortes”, diz.

Como querem crescer

Os executivos do Grupo Rão afirmam ser uma foodtech que nasceu do restaurante e, portanto, entendem as dores do setor.

Para acelerar o crescimento, o plano inclui a compra de outras marcas, como já ocorreu em 2024 com a aquisição de uma rede carioca de hambúrgueres, e a expansão mirando o interior via tecnologia.

O plano de negócios mira abrir lojas em 180 cidades pequenas e médias. Neste ano, a intenção é instalar 50 delas nas regiões Nordeste e Sul do país.

A ideia é que sejam franquias hubs, que incorporem as marcas já existentes do Grupo Rão e outras que vierem a ser mapeadas nos municípios em que forem abertas. Outro objetivo também é o de turbinar o app próprio de entregas, e transformá-lo numa espécie de marketplace, com serviços variados e que vão além da

É por isso que Guilherme enxerga no IPO uma forma de viabilizar esse sonho, criando empregos, gerando renda e movimentando a economia das “bordas”. “Eu sou um filho do Brasil e tenho orgulho de ser brasileiro. E a gente só vai conseguir transformar o Brasil num país melhor através do empreendedorismo”, diz Guilherme.





FonteCâmara dos Deputados

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