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Com a rápida expansão da inteligência artificial generativa nos negócios, a escassez de profissionais especializados tornou-se um gargalo global. Segundo uma nova pesquisa da consultoria global de gestão Bain & Company, que entrevistou profissionais dos Estados Unidos, Alemanha, Índia, Reino Unido e Austrália, 44% dos líderes corporativos afirmam que a limitação de expertise interna já atrasa a adoção da tecnologia em suas empresas.
Essa também é a realidade do Brasil: de acordo com outro estudo da consultoria, com 5,2 mil profissionais do setor de tecnologia no país, 39% dos executivos relatam enfrentar o mesmo problema neste ano, contra 25% em 2024. “Esse salto reforça como a escassez de talentos ameaça a competitividade em um momento em que a implementação e a ampliação de projetos em IA é prioridade para empresas em todo o mundo”, afirma Lucas Brossi, sócio e líder de inteligência artificial da Bain na América do Sul.
Segundo dados da consultoria, desde 2019, a demanda por profissionais com habilidades em IA cresce 21% ao ano, mantendo a escassez de talentos global pelos próximos dois anos, embora a intensidade do problema varie entre países. “A escassez mais crítica ocorre em funções altamente técnicas, como ciência e engenharia de dados, desenvolvimento de modelos de machine learning e, mais recentemente, inteligência artificial generativa”, diz.
“As companhias passaram a enxergar a tecnologia não mais como um piloto isolado, mas como parte integrante da estratégia de negócio.”
Lucas Brossi, líder de inteligência artificial da Bain & Company na América do Sul
Boom dos salários em IA
A pressão por especialistas tem elevado os salários. Desde 2019, a remuneração média em funções ligadas à IA cresce cerca de 11% ao ano, chegando a 56% em cargos mais especializados. Competências emergentes, como prompt engineering, estão entre as mais disputadas. “São papéis cada vez mais críticos porque transformam a capacidade técnica da IA em resultados para o negócio.”
O dado é corroborado por um relatório da Coursera, plataforma global de educação online, que ouviu 2.000 empregadores e 1.200 estudantes em dez países, incluindo o Brasil, entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025. Segundo o estudo, 94% das empresas estão dispostas a oferecer salários iniciais mais altos para candidatos com microcredenciais — ou certificações de curta duração — em IA Generativa.
Mercado de trabalho
O impacto já se reflete nas estratégias de gestão de pessoas. Nos Estados Unidos, a demanda por profissionais de IA deve superar 1,3 milhão de vagas nos próximos dois anos, enquanto a oferta ficará abaixo de 645 mil profissionais, aponta a pesquisa da Bain. Para reduzir esse déficit de cerca de 700 mil pessoas, as empresas precisarão investir em capacitação e requalificação. “Embora 93% dos colaboradores já usem GenAI no dia a dia, apenas 20% têm acesso a ferramentas fornecidas pela própria empresa”, diz Brossi. “Há uma grande oportunidade em estruturar esse treinamento para aumentar produtividade e retenção.”
Além de salários competitivos, as companhias precisam repensar como atrair e manter talentos em um cenário de “guerra de contratações”. Isso inclui oferecer oportunidades de aprendizado contínuo, propósito e participação em projetos estratégicos. “Atrair é apenas parte da equação. Reter exige criar condições para que os profissionais de IA se sintam motivados a permanecer e contribuir para a transformação de longo prazo das organizações.”
FonteForbes