onde investir enquanto a inflação desacelera?

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Com a Selic em 15%, os preços caíram pela primeira vez no ano em agosto e agentes do mercado financeiro projetam desaceleração da inflação para 4,85% em 2025. Enquanto isso, nos investimentos, o Tesouro IPCA+ entrega rentabilidade real (acima da inflação) entre 7,01% e 7,68% ao ano. Com a inflação em queda, os investidores se perguntam se vale a pena continuar nos papéis atrelados ao IPCA ou migrar para os prefixados. 

A comparação começa nas taxas: colocando lado a lado papéis com vencimento no mesmo ano, em 2035, temos os prefixados pagando 13,73% ao ano e o Tesouro IPCA+ entregando 7,50% mais a variação da inflação. 

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Aqui, aparece o conceito da inflação implícita, que está na diferença entre a taxa de juros nominal (prefixados) e taxa de juros real (do IPCA+). Nesse caso, a diferença mostra que é necessária uma inflação média de 6,23% até 2035 para que o Tesouro IPCA+ pague o mesmo que o Tesouro Prefixado. 

No entanto, o mercado não espera uma inflação tão alta daqui para frente. Segundo o Boletim Focus, relatório divulgado pelo Banco Central que compila a expectativa dos agentes do mercado financeiro, o IPCA deve fechar 2026 em 4,30% e desacelerar a 3,70% em 2028. Se a alta mais sutil dos preços se mantiver até 2035, o Tesouro Prefixado vai entregar rentabilidade real superior aos 7,50% do Tesouro IPCA+. 

Tesouro IPCA+ vale a pena agora?

Segundo especialistas entrevistados pelo InfoMoney, a decisão passa pela expectativa que o investidor tem para o cenário à frente. Para quem confia nas projeções do Boletim Focus, “faz sentido aumentar taticamente a alocação em prefixados, pois, nesse cenário, eles entregariam um prêmio real maior”, explica Gabriel Santos, especialista de investimentos de Research e Estratégia da Bloxs. 

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Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, acredita que a alocação no Tesouro IPCA+ não é vantajosa agora. Para ele, a inflação implícita dos prefixados maior do que a projetada pelo mercado justifica a escolha por prefixados para aumentar as chances de ganhos com a marcação a mercado: “o investidor ainda deveria evitar os indexados à inflação”. 

Já quem, como Santos, prefere a segurança, “manter títulos do Tesouro IPCA+ na carteira continua sendo fundamental para garantir um ganho real e proteger o poder de compra, servindo como pilar na estratégia de diversificação”. 

Para o especialista da Blox, “há riscos relevantes no horizonte que justificam uma postura defensiva com títulos de inflação”. Entre eles, está a eleição no ano que vem, que pode trazer incerteza fiscal e pressão por aumento de gastos públicos, o que pode causar alta da inflação, argumenta Santos.  

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Harrison Gonçalves, analista CFA, diz que a inflação brasileira “frequentemente surpreende para cima”, o que justifica uma postura mais cautelosa, mesmo com a possibilidade de prêmios maiores no Tesouro Prefixado. “Para investidores que desejam capturar esse momento de juros altos com um horizonte mais longo, faz mais sentido se posicionar no Tesouro IPCA+. Assim, mesmo que a inflação venha mais alta do que o esperado, o investidor segue protegido e, adicionalmente, ainda se beneficia se os juros reais caírem ao longo do tempo”. 

Defensor dos prefixados, Belitardo admite que o ano eleitoral traz oscilação na curva de juros e pode causar “aumento temporário da inflação”. No entanto, argumenta que a “pressão negativa do dólar (nos preços) é muito mais forte”, o que deve evitar choque inflacionário no Brasil no curto prazo. 

Gabriel Santos ainda cita o risco com a marcação a mercado e o custo de oportunidade como desvantagens dos prefixados ante o Tesouro IPCA+. Ele diz que se as expectativas de juros subirem, os prefixados perdem valor e o investidor tem prejuízo se precisar vender os títulos antes do vencimento e que “ao fixar uma taxa, o investidor abre mão da certeza de um ganho real que o título de inflação oferece como proteção”. 

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Já Ângelo Belitardo argumenta que a expectativa para a curva de juros dos Estados Unidos é de queda, seguindo o direcionamento dos dirigentes do banco central local, o que deve pressionar a curva brasileira para baixo e beneficiar os detentores de papéis prefixados. 



FonteAgência Brasil

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