A SPRO, empresa paranaense especializada em sistemas de gestão para o agronegócio, prevê faturar este ano R$ 125 milhões, 25% mais que em 2024. Desde a sua fundação, em 2008, a empresa de Almir Meinerz vem em uma trajetória de crescimento, adaptando ao campo brasileiro o SAP, software alemão que integra compras, vendas, produção e finanças em uma só plataforma digital. “As empresas não só querem como precisam investir em tecnologia para ganhar eficiência em um cenário de margens cada vez mais apertadas”, diz. O faturamento, que era de R$ 10 milhões em 2014, chegou a R$ 100 milhões, embalado pela digitalização de tradings e agroindústrias. Hoje, a companhia atende desde cooperativas até multinacionais.
Expansão geográfica acelera crescimento
A SPRO abriu este mês escritório em Porto Alegre para atender clientes do agronegócio gaúcho e já prepara expansão no Centro-Oeste. Um hub foi criado para Mato Grosso, Goiás e Matopiba, fronteira agrícola que reúne áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
IA e investimentos externos
A SPRO criou a área Tecway, voltada para inteligência artificial, e lançou uma plataforma própria, que coleta dados no campo por meio de sensores. Os aparelhos monitoram desde a temperatura de galpões até o peso diário dos frangos em relação ao consumo de ração, gerando alertas automáticos que evitam perdas.

Sistemas da SPRO monitoram desde a temperatura de galpões até o peso diário dos frangos quanto ao consumo de ração. Foto: Waldemar Padovani/Estadão
Consolida
O mercado de insumos agropecuários deve crescer 8% ao ano até 2028, segundo a consultoria Redirection International. O ritmo aquece os negócios: operações de M&As mais que dobraram, de 5 para 12 no último ano. “O setor evitou uma crise generalizada e o momento é de otimismo fundamentado”, afirma Vinícius Oliveira, sócio da Redirection. Grupos capitalizados e multinacionais como Syngenta e Bunge lideram as transações. A distribuição movimentou R$ 167 bilhões em 2024, aponta a Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav).
De vento em popa
A FNF Ingredients, empresa chinesa especializada em vitaminas para nutrição animal, projeta faturamento de R$ 50 milhões no Brasil este ano, 100% acima de 2024. O crescimento será puxado pela entrada da vitamina E no portfólio da companhia, conta Alexandre Camargo Costa, sócio-diretor da empresa no Brasil. O nutriente, de maior volume na formulação de rações para aves e suínos, começou a ser importado em julho e deve responder por 20% a 25% da receita neste ano.
Estrutura
Para sustentar a expansão, a empresa ampliou sua capacidade logística em Barueri (SP). O espaço passou de 300 para 500 toneladas de armazenagem e é dedicado exclusivamente às vitaminas, diz Costa. O tarifaço dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros não deve atrapalhar os planos da empresa, destaca o executivo. “O setor de aves e suínos segue em crescimento, com alta projetada de 3% neste ano”, observa.
Efeito temporário
Se os preços da carne bovina caírem no mercado brasileiro por causa do tarifaço dos EUA será por pouco tempo, diz uma fonte da indústria. O motivo é que no último trimestre o consumo do produto dispara com as festividades de fim de ano. “O consumo interno amenizará a queda nas vendas aos EUA. Se houver redução de preço será marginal”, afirma. Cortes premium, como a picanha, não são exportados ao mercado norte-americano e chegam a ser importados pelo Brasil, o que contribui para uma oferta doméstica equilibrada.
Inclusão
Ainda sobre o tarifaço, o agronegócio quer ajustes na Medida Provisória de socorro aos setores afetados pela sobretaxa de 50% dos EUA. Uma das mudanças, em discussão pela bancada agropecuária, é a possibilidade de incluir o setor de café verde no Reintegra, que vai antecipar impostos a exportadores. “É uma demanda do setor que ficou de fora do programa e deixará de vender ao mercado americano”, comenta um deputado.
Suspensão da moratória da soja pelo Cade divide setor
Enquanto produtores de soja comemoram a suspensão preventiva da moratória da soja pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), indústria e exportadores cogitam recorrer da medida. A decisão do Cade atinge 30 tradings que compõem o pacto multissetorial. A moratória proíbe a comercialização de soja de áreas desmatadas na Amazônia após 2008.
Expointer gera expectativa mesmo com dívida no campo
A Expointer, feira agropecuária que ocorre de 30 de agosto a 7 de setembro em Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre, terá como pano de fundo o elevado endividamento dos produtores rurais gaúchos. Apesar disso, a feira deve movimentar mais de R$ 8 bilhões, com 600 mil visitantes.
Fonte ONU