O Brasil vive um momento de transição econômica e geográfica: enquanto o real segue como uma das moedas emergentes mais valorizadas em 2025, investidores locais têm cada vez mais optado por diversificar sua presença globalmente.
Essa movimentação reflete não apenas busca por rentabilidade, mas também uma estratégia coletiva de blindagem patrimonial em um contexto instável.
Segundo dados do Banco Central, o investimento direto brasileiro no exterior aumentou US$ 4,2 bilhões em janeiro de 2025, um salto considerável em relação aos US$ 3,1 bilhões registrados no mês anterior. Esse movimento indica um ritmo crescente de diversificação e globalização dos negócios.
Além disso, os fluxos de investimento estrangeiro direto (FDI) continuaram robustos: o Brasil aferiu ingresso de capital estrangeiro equivalente a 2,2% do PIB em 2024, consolidando-se como um dos destinos mais atrativos da América Latina.
Quais destinos têm atraído mais atenção dos brasileiros de alto patrimônio?
Dados recentes indicam uma expansão significativa de investimentos em Portugal. De 2015 a 2021, brasileiros aplicaram aproximadamente €176 milhões no país, mas entre 2024 e início de 2025, esse valor já havia superado os €5,3 bilhões — um crescimento de 10% em apenas um ano.
Outro cenário promissor inclui os setores de turismo e ecoturismo, com investimentos apontando forte interesse nas regiões costeiras do Brasil — especialmente Bahia, Ceará e Búzios —, consideradas alternativas de alto valor agregado e atração para investidores estrangeiros e brasileiros.
Vantagens geopolíticas e econômicas também orientam a estratégia. A ampliação da troca de moeda com a China — via acordo de swap cambial de R$ 157 bilhões — fortalece a capacidade de atuação dos investidores brasileiros nesses mercados, reduzindo custos e risco cambial.
Neumoel Stina Junior, advogado e empresário com foco em proteção patrimonial e investimentos internacionais, explica:
“A realidade de 2025 mostra que o investidor brasileiro bem-sucedido busca segurança por meio da diversificação. Países como Portugal oferecem estabilidade jurídica e gateways para a Europa. Ao mesmo tempo, estamos assistindo à expansão em real estate estratégico no Brasil, como soluções costeiras. O digital, o fiscal e o jurídico precisam caminhar juntos — é a soma desses elementos que dá escala e proteção aos investimentos.”
Ademais, esses movimentos refletem o cenário macroeconômico: um real competitivo, fluxo crescente de FDI no Brasil, uma classificação de crédito em melhoria — o que sinaliza maior confiança internacional — e recuperação do crescimento econômico com projeção de expansão real do PIB entre 2,1% e 2,5%.
Neste contexto, a blindagem patrimonial não é apenas uma estratégia legal; é uma abordagem diante de cenários internacionais e internos voláteis — e, conforme avalia Neumoel, “quem não estrutura globalmente corre o risco de perder resiliência, liquidez e, às vezes, até longevidade do patrimônio”.