Os EUA foram responsáveis pela compra de 16,5% do total de 46,1 milhões de sacas dos cafés do Brasil exportados no ano-cafeeiro de 2024. Com um volume de 7,6 milhões de sacas de 60 kg compradas, o país liderou o ranking dos maiores importadores dos cafés brasileiros em 2024.
Os dados são da edição de julho do Sumário Executivo do Café, estudo elaborado e divulgado mensalmente pela Secretaria de Política Agrícola (SPA), do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
O ano-cafeeiro de 2024 marcou o maior volume de exportação dos cafés do Brasil em um único ano, com a venda de 46,1 milhões de sacas de 60 kg, o que corresponde a um crescimento de 30,6% em comparação com as 35,3 milhões de sacas exportadas em 2023. Na mesma base de comparação, as importações dos EUA aumentaram significativamente 40,7%, passando de 5,4 milhões de sacas em 2023 para 7,6 milhões de sacas em 2024.
No ano-cafeeiro 2024, os cinco principais países importadores, em ordem decrescente, são: EUA, em primeiro lugar, respondendo por cerca de 16,5% das vendas, totalizando 7,6 milhões de sacas de 60 kg. A Alemanha ocupa a segunda posição nesse ranking, com 7,3 milhões de sacas, o que representa 15,8% das vendas nacionais em 2024. Em seguida, está a Bélgica, que, após um aumento significativo de 100% em relação a 2023, importou 4,4 milhões de sacas. Esse volume representa 9,5% das exportações brasileiras no ano de 2024. Na quarta posição, encontra-se a Itália, com 3,9 milhões de sacas, representando cerca de 8,5% do total.

Por fim, em quinto lugar, está o Japão, cujas importações de café brasileiro no ano cafeeiro de 2024 totalizaram 2,3 milhões de sacas, representando, dessa forma, 5% das vendas nacionais no período. As compras de Espanha, Turquia, Holanda, Rússia, Reino Unido, Coreia do Sul, Canadá, Suécia, França e Colômbia completaram a totalidade das vendas dos cafés do Brasil no ano-cafeeiro de 2024.
Já segundo estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a sobretaxa americana de 50% sobre cerca de 58% dos produtos brasileiros exportados para os EUA pode gerar um prejuízo de R$ 20 bilhões ao Produto Interno Bruto nacional do Brasil em um ano. O aumento das tarifas afeta diretamente o agronegócio, com produtos como café, carnes e frutas, além de setores industriais como calçados e têxteis.
A lista de produtos que irão sentir o peso da taxação é extensa e atinge itens importantes da pauta de exportação brasileira. No agronegócio, café em grão, carnes bovina e de frango, frutas e açúcar terão seu acesso ao mercado americano encarecido. A indústria também será impactada, com a sobretaxa recaindo sobre calçados, têxteis, máquinas e equipamentos elétricos.
“Essa ação protecionista, por si só, já é bastante prejudicial para o exportador brasileiro, que perde competitividade no mercado americano”, afirma Rodrigo Barreto, doutor em Economia e professor de Administração do Centro Universitário FEI.
Os setores poupados da sobretaxa incluem petróleo bruto, minério de ferro, aviões e celulose, bens estratégicos para as empresas americanas. Mesmo com essas exceções, o impacto econômico no Brasil é significativo. A CNI projeta uma queda na produção e nos investimentos em estados como Ceará, Espírito Santo e São Paulo, que possuem uma forte exposição ao mercado dos EUA.
O consumidor brasileiro também sentirá o reflexo da medida. A redução da entrada de dólares no país, como resultado das tarifas, tende a desvalorizar o real. Com a moeda mais fraca, a importação de insumos e componentes, como microchips e máquinas-ferramenta, fica mais cara, elevando os custos de produção doméstica.
“A desvalorização do real e o encarecimento de insumos podem gerar uma pressão adicional sobre a inflação, o que acaba prejudicando o bolso de toda a população”, explica.

Fonte Monitor Mercantil