Para além do óbvio, como o mercado de tecnologia está pensando em sustentabilidade?

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*Por Gustavo Caetano

A evolução tecnológica está cada vez mais acelerada e permitindo que a inovação ocorra em pequenos intervalos de tempo, o que tem transformado completamente a forma como a sociedade opera. Já estamos nos acostumando com descobertas antes inimagináveis, como a computação em nuvem, internet das coisas (IoT) e inteligência artificial, mas a capacidade de produção desenvolveu ferramentas muito além do uso cotidiano e empresarial, com impacto em diversos setores e, principalmente, no meio ambiente.

Nesse contexto crescente de discussões sobre a conscientização ambiental, as ferramentas inteligentes são capazes de monitorar e gerenciar o uso de recursos naturais, principalmente com ferramentas de grande escala. De acordo com uma pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 80% da população mundial espera ações climáticas mais eficientes e robustas.

Um dos maiores desafios brasileiros é a degradação ambiental. Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento do Imazon, a degradação da Amazônia Legal aumentou 482% em área desmatada em comparação com 2024. Esse cenário pede por soluções que ajudem a frear os ataques ao meio ambiente e preservar os recursos naturais para as futuras gerações.

Temos, por exemplo, a startup brasileira Autonomous Agro Machines, que desenvolveu um robô capaz de plantar 1.800 mudas por hora, o equivalente ao estádio do Maracanã. Essa ferramenta é importante para as organizações que atuam em prol do reflorestamento, além de criar áreas de plantio comercial sustentável para setores essenciais, como a produção de papel.

Outra promessa para um futuro mais sustentável é a impressão 3D na indústria. Segundo o Additive Manufacturing Research, o setor teve um aumento de 84% nos investimentos em relação ao ano anterior, totalizando US$ 3,45 bilhões. Uma das principais vantagens é que os objetos são construídos camada por camada, até que se formem por completo. Isso significa que a produção é feita com a quantidade exata de material, eliminando o desperdício de recursos.

Além disso, elas podem funcionar com materiais mais sustentáveis, como plástico e insumos reciclados. Em abril do ano passado foi construída uma casa de 57m², com sala, cozinha, banheiro e dois dormitórios, em apenas 8 dias com a impressão 3D, em Belo Horizonte. Um modelo tradicional de construção pode chegar a ter até 40% de desperdício de material que se transforma em lixo, enquanto a impressora 3D opera com desperdício praticamente nulo.

Outro caso interessante está relacionado a construção de novos data centers para acompanhar os avanços da IA. Atualmente, essas instalações representam quase 2% da energia global, e segundo projeções da Agência Internacional de Energia, podem chegar até 3% no fim da década. Para amenizar esse cenário, a companhia Lonestar Data Holdings percebeu uma oportunidade de revolucionar o armazenamento de dados, colocando-os em órbita. Em março, a empresa lançou um pequeno data center no espaço e, com o sucesso da missão, o plano é começar suas atividades comerciais em 2026. Esse mecanismo funciona com luz solar, o que é um grande avanço sustentável, levando em conta que eles precisam estar ligados 24/7 e disponíveis para qualquer momento.

Diante desse panorama, vemos que o próprio setor de tecnologia, historicamente associado ao progresso e à disrupção, tem voltado seu olhar para os impactos que ele mesmo gera no mundo. Junto do desenvolvimento das inovações, cresce também a responsabilidade de atenuar seus efeitos colaterais, sobretudo os ambientais. Portanto, empresas e pesquisadores estão cada vez mais conscientes de que o desenvolvimento tecnológico precisa caminhar junto com práticas sustentáveis, buscando eficiência e escala ao mesmo passo em que trazem equilíbrio ecológico.

*Gustavo Caetano é CEO e fundador da Samba.




Fonte Startupi

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