por que investidores visionários estão apostando na ciência?

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*Por Ana Calçado

Nos últimos anos, tenho observado uma transformação sutil, porém profunda, no cenário da inovação. As deep techs, startups baseadas em ciência avançada e tecnologias disruptivas, estão cada vez mais no radar de investidores visionários. E não por acaso.

Diferentemente de melhorias baseadas apenas em tecnologias digitais consolidadas, as deep techs surgem da aplicação de conhecimento científico avançado e, por isso, carregam consigo um potencial transformador raro. Muitas delas nascem para o enfrentamento de problemas complexos e globais, que desafiam setores estratégicos, como saúde, energia, alimentos e meio ambiente. 

E é justamente por isso que também estamos vendo o surgimento de um novo perfil de investimento. Casos no mundo todo mostram que a pergunta da vez é: como apoiar negócios que gerem verdadeiramente impacto? Negócios que, antes de tudo, querem mudar o jogo?!

Essa pergunta mostra uma virada de chave. O que move esse novo capital não é só o retorno financeiro, é a ambição de construir valor estratégico, gerar impacto real e criar soluções que deixem um legado.

O Brasil, nesse contexto, tem uma oportunidade única. Somos um país com sólida produção científica, instituições de pesquisa reconhecidas e um ecossistema empreendedor em amadurecimento. Hoje, temos Belo Horizonte como um dos melhores ecossistemas de startups da América do Sul, assim como São Paulo e Curitiba, de acordo com o estudo The Global Startup Ecosystem Index.

Um exemplo que sempre menciono é o da Amazônia Legal. Ali está concentrado um dos maiores ativos estratégicos do planeta: biodiversidade, cultura e conhecimento. É uma potência científica e tecnológica viva, ainda pouco explorada. Poderíamos estar liderando soluções em bioeconomia e tecnologias climáticas, mas isso exige visão, investimento e articulação.

O que falta, e onde devemos concentrar esforços, é a articulação estratégica que transforma conhecimento em valor tecnológico e econômico.

Claro, investir em deep techs envolve riscos elevados, prazos mais longos e desafios regulatórios. Mas também oferece um retorno que vai muito além do capital: trata-se de gerar impacto real, estratégico e duradouro. Quando bem articuladas com políticas públicas, mecanismos de financiamento e apoio técnico especializado, essas startups tornam-se não apenas viáveis, mas indispensáveis para o futuro.

Entre os setores mais promissores no Brasil hoje estão a bioeconomia, biotecnologia, agro e alimentos, energia limpa, clima e saúde. Todos altamente conectados aos desafios globais e aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Não se trata apenas de apoiar startups. Trata-se de repensar o papel da inovação no desenvolvimento do país. E, nesse sentido, as deep techs têm um papel central.

A boa notícia é que esse movimento já começou. Ele ainda não é massivo, mas é consistente. Na Wylinka, tenho visto iniciativas incríveis saírem do papel, muitas vezes por conta da persistência de pesquisadores e empreendedores que acreditam no que estão desenvolvendo e, por conta de investidores visionários, que topam entrar em jornadas complexas porque entendem o valor a longo prazo.

E a nossa missão é fortalecer cada vez mais essa discussão. Por isso, promovemos iniciativas como o Fórum Brasileiro de Deep Techs, que aproxima ciência, inovação e capital de impacto. São passos importantes para que, dia após dia, estejamos mais próximos do nosso objetivo: transformar conhecimento em soluções que mudam o mundo. E é por isso que sigo apostando, o novo capital da inovação está mais perto da ciência do que nunca. E isso muda tudo.




Fonte Startupi

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