O que levou Israel a atacar uma prisão no Irã | Mundo

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Israel lançou uma nova onda de ataques de mísseis ao Irã nesta segunda-feira (23). Um dos alvos da ofensiva foi a prisão de Evin, em Teerã, conhecida por abrigar prisioneiros estrangeiros e políticos, além de ser acusada internacionalmente de abusos contra os detentos.

Notícia do portal iraniano “Mizan” afirma que foram mobilizadas forças de segurança e equipes de emergência para o local e que, no momento da publicação da reportagem, a prisão estava “totalmente sob controle”. O veículo “Iran International”, sediado na Inglaterra, declara que ao menos 16 funcionários da prisão foram mortos e que há prisioneiros feridos também. Até a publicação da reportagem do Valor, o Irã não havia confirmado se houve mortes ou pessoas feridas no ataque.

Em postagem no X, Israel Katz, ministro da Defesa de Israel, afirmou que a prisão, assim como outras instituições atacadas, são “órgãos de repressão do governo [iraniano] no coração de Teerã”.

“Para cada tiro disparado contra a retaguarda israelense, o ditador iraniano será punido e os ataques continuarão com força total. Continuaremos a trabalhar para defender a retaguarda e derrotar o inimigo até que todos os objetivos da guerra sejam alcançados”, declara Kartz, em postagem sobre o ataque.

Gideon Sa’ar, ministro das Relações Exteriores do governo de Tel Aviv, também se posicionou na rede social, divulgando um vídeo da explosão da fachada da prisão e utilizando a frase de campanha de Javier Milei, presidente da Argentina, em seu posicionamento.

“Alertamos o Irã repetidas vezes: parem de atacar civis! Eles continuaram, inclusive esta manhã. Nossa resposta: Viva la libertad, carajo!” afirma Sa’ar.

Emmanuel Macron, presidente da França, que está na linha de frente das negociações entre a Europa e o Irã para o fim do conflito e também para encerrar o programa nuclear iraniano, condenou a ofensiva israelense.

Segundo o jornal “Le Monde”, Macron afirmou que a ação contra a penitenciária não tem ligação com o objetivo declarado de minar o programa nuclear do Irã e que coloca civis em perigo.

O que fez Israel atacar a prisão de Evin?

Localizada no bairro de Evin, a prisão é a principal penitenciária para presos políticos no Irã, além de ser marcada por execuções de detentos e por abrigar diversos estrangeiros.

De acordo com o “The New York Times”, a cadeia foi construída em 1971, durante o regime do Xá Mohammed Reza Pahlavi e continuou em funcionamento após a revolução de 1979, quando o país adotou o regime dos aiatolás. Atualmente, o local abriga milhares de prisioneiros.

A Human Rights Watch, organização internacional de direitos humanos, já denunciou diversas vezes as ordens de prisão contra opositores e o tratamento dado aos detentos. A denúncia mais recente foi em dezembro de 2024, em uma publicação que alega que a falta de assistência médica para presos políticos é usada como “ferramenta para silenciar a dissidência”.

A prisão também já foi alvo de punições de órgãos internacionais. Em abril deste ano, a União Europeia (UE) impôs restrições a Hedayatollah Farzadi, chefe da penitenciária, como congelamento de bens e proibição de viagens. Um dos motivos alegados pela UE é a acusação de que o Irã prende cidadãos com dupla nacionalidade sob pretextos ilegítimos, visando ganhos políticos e diplomáticos.

Franceses prisioneiros na prisão de Evin

Um dos casos de prisão que gerou repercussão é o dos franceses Cécile Kohler e Jacques Paris, detidos desde maio de 2022.

De acordo com a “Reuters”, Cécile e Jacques estavam em território iraniano quando foram detidos pelo governo de Teerã, sob a acusação de estarem a serviço da inteligência secreta francesa. No mesmo ano, o governo iraniano divulgou um vídeo no qual os dois aparentemente confirmavam a acusação.

O governo francês afirma que as condições dos dois na prisão são análogas à tortura e que o Irã proíbe a atuação do consulado francês na região.

Em maio deste ano, a França apresentou uma petição à Corte Internacional de Justiça (CIJ) contra o Irã, especificamente sobre esse caso.

Na ocasião, Esmaeil Baghaei, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do governo de Teerã, criticou a medida, chamando-a de inútil e afirmando que se trata de uma tentativa da França de explorar “uma instituição legal e judicial [CIJ]”, segundo o “France 24”.

*Estagiário sob supervisão de Diogo Max



Fonte Agência Brasil

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