*Por Beatriz Ambrosio
O futuro do trabalho foi um dos temas centrais da Web Summit Rio 2025, especialmente com o avanço exponencial da inteligência artificial (IA) em setores como e-commerce, SaaS e marketing. Em meio a esse cenário, a presença marcante de criadores de conteúdo destacou um dilema que já não pode mais ser ignorado: a IA representa uma ameaça real aos empregos ou está apenas transformando a forma como trabalhamos? Esse debate ganha ainda mais relevância quando se observa que, segundo relatório da Goldman Sachs, 300 milhões de empregos podem ser impactados pela automação baseada em IA até 2030, o que reforça a urgência em compreender como essa tecnologia está moldando as profissões do futuro.
Embora o medo da automação seja um tema recorrente, ele não é novo. No passado, tecnologias como o computador, o Photoshop e as câmeras digitais também foram inicialmente vistas como ameaças ao trabalho humano. Com o tempo, contudo, essas ferramentas se tornaram aliadas indispensáveis, moldando novas formas de criatividade e produtividade. A IA segue esse mesmo caminho, mas com um diferencial: ela não elimina a criatividade, apenas a reconfigura. Em vez de substituir os profissionais, a IA automatiza tarefas repetitivas, antecipa comportamentos e possibilita um nível de personalização sem precedentes. No entanto, a chave para o sucesso estará em como essas ferramentas serão usadas para potencializar, e não substituir, a contribuição humana.
Um ponto crucial desse debate é a manutenção da autenticidade e da sensibilidade humana. Apesar da IA ser capaz de gerar textos, estratégias e até imagens, ela ainda carece de uma compreensão profunda das nuances sociais, culturais e emocionais que moldam as melhores ideias e campanhas. Em setores como o marketing de influência, onde a conexão genuína entre criadores e suas audiências é essencial, a presença humana continua sendo insubstituível. Criadores de conteúdo não apenas transmitem mensagens, mas constroem relações de confiança e identidade, aspectos que a tecnologia não pode replicar de forma autêntica.
Em paralelo, áreas como e-commerce, SaaS e marketing também receberam grande atenção no Web Summit Rio 2025. Esses setores, dominados pela IA, tiveram palcos próprios dedicados a discutir o impacto da automação e o futuro das profissões. As discussões foram enriquecedoras, destacando como a IA pode impulsionar a produtividade e permitir que profissionais dessas áreas sejam mais eficientes e estratégicos. Em vez de um espectro de perdas de empregos, as conversas enfatizaram um futuro onde os profissionais, munidos de IA, se tornam mais produtivos, criativos e aptos a enfrentar novos desafios. Em outras palavras, a IA não vai roubar seu emprego, mas pode torná-lo muito mais produtivo.
Portanto, a inteligência artificial não deve ser temida, mas compreendida em sua complexidade. O futuro do trabalho criativo será construído por quem souber integrar tecnologia e talento humano com equilíbrio. Isso exige não apenas habilidade técnica, mas também visão crítica e compromisso ético. Investir na formação de profissionais que entendam a IA como aliada, e não como ameaça, será crucial para garantir um mercado de trabalho mais inovador, produtivo e, acima de tudo, mais humano.
*Beatriz Ambrosio é CEO e fundadora da Mention
Fonte Startupi