Estrangeiros se desfizeram de US$ 51 bilhões em ativos dos EUA em abril; saiba qual país foi o maior vendedor | Finanças

Compartilhar:


Investidores ao redor do mundo realizaram uma venda líquida de cerca de US$ 51 bilhões em ativos americanos em abril, segundo cálculo do HSBC com base em dados do Departamento do Tesouro. Da soma total, US$ 41 bilhões foram vendidos em Treasuries (títulos do Tesouro americano); US$ 19 bilhões em ações; e US$ 10 bilhões em títulos de dívida de agências governamentais.

Segundo o HSBC, esta foi a maior venda mensal de ativos americanos ajustados por “valuation” (avaliação do valor justo) desde fevereiro de 2023. O levantamento inclui apenas os chamados “ativos de longo prazo”, o que exclui títulos do Tesouro americano com vencimento de até 12 meses (as chamadas “bills”) e depósitos em dólar.

  • Leia também: Análise: Petróleo, guerra e tarifas nublam previsões dos mercados para bancos centrais

Investidores canadenses foram os que mais se desfizeram de ativos americanos em abril, com uma venda total de US$ 81 bilhões. “O Canadá já estava vendendo ações dos EUA desde 2023 e recentemente começou a vender também Treasuries e títulos de agências”, diz o relatório do HSBC.

Eles ainda destacam que investidores da China continental (área que não inclui as regiões administrativas de Hong Kong e Macau) continuam a vender ativos americanos em ritmo forte, de US$ 24 bilhões em abril. “O ritmo de vendas aumentou no acumulado do ano, para US$ 22 bilhões, se comparado com anos anteriores”, diz o relatório. Em 2023, o ritmo mensal de venda de ativos americanos na China foi de US$ 5 bilhões, enquanto em 2024 foi de US$ 14 bilhões.

Os analistas do HSBC ainda pontuam que o montante vendido por investidores de Cingapura, de US$ 19 bilhões, foi incomumente grande para o país. Outros países asiáticos, como Japão, Taiwan e os estados do Golfo Pérsico, bem como companhias multinacionais, pausaram as “habituais grandes compras” de ativos americanos em abril, conclui o relatório.

Os dados do Tesouro americano alimentam a percepção de que há um movimento de saída dos investidores globais do dólar e de ativos dos Estados Unidos como um todo, diante da política tarifária do presidente Donald Trump – entre outros fatores que pesam sobre o sentimento de risco do país, como a frágil situação fiscal americana.

Em relatório publicado ontem, Christian Mueller-Glissmann, chefe de pesquisa em alocação do Goldman Sachs, avalia como “difícil” a diversificação para fora dos mercados americanos, dado o seu tamanho e a alta liquidez, e por isso entende que a saída de recursos dos Estados Unidos tende a ser gradual.

Para portfólios multimercados, a melhor saída de curto prazo para reduzir o risco embutido nos ativos americanos é realizar operações de “hedge” (proteção) no câmbio, avalia Mueller-Glissmann. “Os dados oficiais sobre os índices de hedge são limitados e muitas vezes atrasados, mas há alguns sinais de que os investidores estão reagindo a essa fonte de risco do portfólio reduzindo sua exposição ao dólar”, comenta.

Na visão do profissional, dados recentes indicam que o aumento do risco atrelado ao dólar está impactando as decisões de investimento ao redor do mundo. “E isso mostra que o dólar pode continuar a cair se os investidores globais continuarem reduzindo a sua exposição, mesmo se eles continuarem investindo outros ativos americanos”, pontua Mueller-Glissmann.



Fonte Agência Brasil

Artigos relacionados