Nuvei ‘perde’ mercado com nacionalização das bets, mas quer ampliar serviços | Finanças

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Com a regulamentação do mercado de apostas esportivas, as chamadas “bets”, essas empresas tiveram de se nacionalizar e muitas fintechs que faziam as transações internacionais das operadoras “perderam” esse mercado. Esse é o caso da canadense Nuvei, que no mundo todo é especializada em atender bets. Juan Jorge Soto, que assumiu no fim do ano passado o recém-criado posto de gerente-geral para América Latina, aponta que os volumes da Nuvei estão sendo afetados pela redução nas transações transfronteiriças das bets, mas que a companhia vem diversificando e ampliando sua atuação.

A fintech havia comprado a instituição de pagamento Pay2All, do BTG, no ano passado e, ao mesmo tempo, entrou com pedido de autorização perante o Banco Central. Como a compra foi aprovada antes, agora a empresa acabou desistindo de buscar uma licença própria. “Nós queremos combinar nossa plataforma tecnológica global, que é uma das melhores do mundo, com uma visão local dos negócios. Cada país na América Latina tem um mercado diferente. No Brasil, por exemplo, nós temos o Pix e precisamos oferecer todas essas ferramentas aos clientes. Nós somos muito forte entre as bets, mas com a mudança na regulação no Brasil, também estamos investindo pesado em outros segmentos, como viagem, e-commerce, moda, varejo em geral. Não somos mais só um player transacional, estamos desenvolvendo uma oferta completa”, diz.

A Nuvei era listada na Nasdaq, mas foi comprada pela Advent no ano passado por US$ 6,3 bilhões e saiu da bolsa. A companhia não detalha dados de Brasil, mas Soto diz que é um mercado importante para a fintech. Além da nova posição de gerente-geral para América Latina, o time de Brasil também está crescendo. “O Brasil é um mercado enorme, com uma grande população, bastante digitalizada, com um bom nível de renda, então obviamente é uma das nossas prioridades nos próximos anos”.

Com as mudanças trazidas pela regulamentação das bets, outras fintechs que atuavam nesse nicho viram seus valuations caírem e Soto diz que a Nuvei está sempre analisando potenciais aquisições. “Estamos sempre olhando e, especialmente no Brasil, há muitas oportunidades”, comenta, lembrando que operações de M&A sempre ajudam a reduzir o tempo de desenvolvimento de produtos.

Além da licença da instituição de pagamento, a Nuvei atua como sub-adquirente no Brasil, mas Soto revela que o plano no médio prazo é buscar uma licença de adquirente plena, a exemplo de como já opera na Colômbia. O executivo diz que, pelo menos por enquanto, não há planos de entrar no mercado de pagamentos físicos, com maquininhas de cartão. “Chegamos na América Latina há pouco tempo, ainda estamos consolidando nossa operação”.

Questionado se a guerra tarifária pode afetar as operações da Nuvei na região, o executivo diz que não há impactos diretos, mas as incertezas na economia e alterações nos fluxos de comércio podem prejudicar os volumes de pagamentos dos seus clientes. “Os EUA têm uma dificuldade com a China e isso pode impactar os fluxos, até as cadeias de distribuição, então, se isso continuar, pode ter um efeito [para a Nuvei]”.

O comércio entre Ásia e América Latina é um dos principais fluxos de interesse da Nuvei. A empresa divulgou recentemente um relatório que aponta que o e-commerce brasileiro crescerá para cerca de US$ 585,6 bilhões em 2027 – uma alta de 70% ante 2024 – e 9% desse total deve ser de transações transfronteiriças.

A Nuvei foi fundada em 2003 por Philip Fayer, inicialmente com o nome de Pivotal Payments. Em 2023, o ator canadense Ryan Reynolds se tornou sócio e mesmo com a venda para a Advent até hoje atua como garoto-propaganda. A companhia atende mais de 200 mercados, operando em 150 moedas e atuando como adquirente em 50 países. Nos nove primeiros meses de 2024 (dado mais recente disponível) processou US$ 183,1 bilhões em pagamentos, com crescimento anual de 30%.

Juan Jorge Soto, gerente-geral para América Latina da Nuvei — Foto: Divulgação
Juan Jorge Soto, gerente-geral para América Latina da Nuvei — Foto: Divulgação



Fonte Agência Brasil

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