O primeiro jogo de tênis após uma longa pausa pode parecer uma revelação. Os pássaros cantam, o ar está fresco e seu saque não está nada mal depois de três meses parado. No entanto, o dia seguinte conta outra história.
Se você ficou parado durante um tempo, pode esperar algumas dores e desconfortos ao voltar à quadra. Mas, comparado a esportes de contato como futebol e basquete, o tênis recreativo apresenta um risco relativamente baixo de lesões agudas, afirma Tiana Woolridge, médica do esporte no Hospital for Special Surgery, em Nova York, que já trabalhou com jogadores universitários.
Mesmo assim, jogos como tênis e pickleball envolvem movimentos repetitivos e de alto impacto, como corridas para alcançar a bola e o balanço da raquete, o que pode causar bastante estresse ao corpo.
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Uma pesquisa de cinco anos com 449 jogadores recreativos austríacos mostrou que as lesões agudas aumentam nos meses de verão. As mais comuns envolvem quedas ou torções, principalmente entorses de tornozelo, geralmente causados por passos em falso.
A coluna e os membros superiores também são particularmente suscetíveis a lesões crônicas por desgaste, explica David Dines, diretor médico da Associação de Tenistas Profissionais.
Aqui está um panorama das lesões mais comuns no tênis e dicas para tratá-las e preveni-las.
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Lesões na região lombar
Durante o saque, as costas ficam hiperestendidas, e cada golpe exige rotação. O dano pode ser sutil.
Dores e distensões nas costas tornam-se mais frequentes após os 40 anos, quando os tecidos amortecedores entre as vértebras começam a se deteriorar, explica Dines. Se sentir dor na região lombar, o primeiro passo deve ser o descanso. Caso a dor persista, procure um fisioterapeuta ou um profissional de tênis para avaliar sua técnica.
Como prevenir lesões
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Ao bater na bola, a maior parte da força vem das pernas para cima. Se os músculos principais do corpo — core, glúteos, isquiotibiais e quadríceps — estiverem fracos, a região lombar sofre as consequências. Dines recomenda uma rotina de exercícios para o core, como pranchas, e para a parte inferior do corpo, como levantamento terra romeno e agachamentos.
Lesões na parte superior do corpo
A articulação do ombro é estabilizada pelos quatro músculos e tendões do manguito rotador, que podem ficar irritados, rasgados ou esticados demais, especialmente em esportes que exigem movimentos acima da cabeça, como o tênis.
Com o envelhecimento, os tecidos do corpo começam a se desgastar naturalmente, causando microlesões muitas vezes indolores, explica Elizabeth Matzkin, cirurgiã ortopédica em Boston. Mas se os músculos do manguito rotador estiverem fracos, essas lesões podem piorar ao estender o braço para uma jogada.
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Lesões no manguito rotador causam dor ao girar o braço ou estendê-lo acima da cabeça, além de uma dor surda no ombro que piora à noite. Irritações leves geralmente desaparecem após um ou dois dias de descanso, diz Woolridge. Se persistirem, procure um fisioterapeuta; uma ressonância magnética pode ser necessária para descartar uma ruptura completa, que pode exigir cirurgia.
O cotovelo de tenista é uma lesão por esforço repetitivo que afeta até 50% dos jogadores anualmente e se manifesta como uma dor persistente na parte externa do cotovelo. Ocorre quando os músculos e tendões do antebraço que ajudam a estender o punho são sobrecarregados por ações como segurar a raquete com muita força ou executar o backhand com técnica inadequada, explica Matzkin.
Como prevenir lesões
Woolridge recomenda exercícios de fortalecimento do ombro, como remadas escapulares e extensões de ombro com faixa elástica, que devem fazer parte da rotina de todo tenista. Esses exercícios também ajudam a prevenir o cotovelo de tenista, assim como exercícios para fortalecer o punho, como flexão e extensão com pesos leves. Para ambos, comece com até 30 repetições e depois adicione um haltere de até 2,3 kg.
Lesões na parte inferior do corpo
Entorses de tornozelo são comuns em esportes com movimentos intensos de lado a lado e paradas ou giros bruscos, explica Woolridge. A maioria não requer cirurgia. O tratamento tradicional inclui repouso, gelo e compressão, mas muitos especialistas hoje preferem movimento e calor. Pesquisas indicam que quem sofre um entorse tem maior risco de sofrer outro.
Lesões no músculo da panturrilha são tão comuns que muitos médicos as chamam de “perna de tenista”. “Quando os jogadores mudam rapidamente de direção, podem sentir um estalo na parte de trás da panturrilha”, diz Matzkin. A lesão raramente exige cirurgia, mas a panturrilha ficará dolorida e inchada, necessitando de descanso.
Panturrilhas tensas também podem contribuir para a tendinite de Aquiles, inflamação do tendão que liga a panturrilha ao calcanhar.
“Se a panturrilha estiver muito rígida e não conseguir contrair, o tendão de Aquiles absorve a força e pode romper”, alerta Matzkin. “É uma lesão grave, com recuperação longa.”
Os movimentos rápidos de corte e giro no tênis também colocam os joelhos, especialmente os mais envelhecidos, em risco de lesões como rupturas do ligamento cruzado anterior (LCA) e do menisco.
Como prevenir lesões
Os músculos dos pés e das pernas são fundamentais para a estabilidade do tornozelo. Você pode fortalecê-los com exercícios como movimentos com faixa elástica para os pés e avanços para frente, para trás e para os lados. Exercícios de equilíbrio, como tocar os dedos do pé com uma perna só ou fazer avanços sobre uma superfície instável, como um travesseiro, melhoram a propriocepção, ou consciência corporal.
Proteja os joelhos com uma rotina de agachamentos e avanços, que fortalecem os músculos que mantêm o joelho estável e fortalecem os tendões e ligamentos ao redor da articulação, recomenda Matzkin.
Para alongar e fortalecer as panturrilhas e o tendão de Aquiles, ela sugere elevações de panturrilha com os calcanhares suspensos em um degrau.
c.2025 The New York Times Company
FonteAgência Brasil