Liderança que protege: a responsabilidade das empresas com os entregadores não pode passar em branco

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Gustavo Rocha
Gustavo Rocha
Gustavo Rocha, Mentor e Coach de Líderes, Especialista em Autoliderança, palestrante e comandante de plataforma. Auxilio líderes a alcançarem melhores resultados por meio do desenvolvimento da autoliderança, com foco em autoconhecimento, autorresponsabilidade e comunicação assertiva.

Maio Amarelo está chegando ao fim, mais uma vez nos trazendo alertas, números e reflexões sobre o alto índice de mortos e feridos no trânsito brasileiro. E, como acontece todos os anos, muitas empresas aproveitam o momento para vestir a cor da campanha, promover ações simbólicas e demonstrar seu apoio à causa da segurança viária. Mas eu preciso deixar um ponto muito claro: liderança que protege vai além de uma fita no uniforme ou uma postagem nas redes sociais.

Quero chamar atenção aqui para um grupo específico que, mesmo sendo peça essencial na rotina urbana, ainda é invisível quando se fala em proteção: os entregadores e motoboys. Esses profissionais enfrentam jornadas exaustivas, pressão por prazos curtos e metas irreais, muitas vezes impostos pelas próprias empresas que, ironicamente, se declaram “preocupadas com a segurança no trânsito”. Não dá mais para ignorar essa contradição.

Trabalho há 17 anos com líderes e gestão de pessoas. E posso afirmar, sem hesitar: segurança também é um reflexo direto da cultura organizacional. Se a empresa enxerga o entregador apenas como uma “ponta da cadeia”, como uma extensão da velocidade e não como um ser humano, todo discurso de cuidado cai por terra.

Liderar é proteger.

É garantir que exista capacitação, suporte psicológico, limites de jornada. É permitir que o trabalhador saiba que tem respaldo e não apenas cobrança. Quando a liderança assume esse papel, a rua muda. A lógica muda. E vidas deixam de ser estatística.

Não estou aqui para desmerecer campanhas, kits de segurança ou palestras. Toda ação conta. Mas o que salva vidas de verdade é a postura contínua de cuidado, que nasce da liderança e se espalha por toda a organização.
O Maio Amarelo pode estar terminando, mas o compromisso com a vida não tem data pra acabar.

Proteger quem está nas ruas é, antes de tudo, uma decisão diária. E se você lidera, seja dentro de uma pequena empresa, de um aplicativo ou de uma grande corporação, saiba: a forma como você olha para quem entrega por você pode ser a diferença entre mais um número ou mais um retorno seguro pra casa.

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