lucro regulatório cai 17,6% no 1º tri, para R$ 337,4 milhões

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A transmissora de energia paulista Isa Energia (ISAE4), ex-Isa Cteep, registrou lucro líquido regulatório de R$ 337,4 milhões no primeiro trimestre de 2025. O resultado é 17,6% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) regulatório foi de R$ 923,3 milhões, por sua vez, avançando 2,9% na mesma base de comparação. A margem Ebitda avançou 0,6 ponto percentual para 81,6%.

A receita líquida regulatória da companhia no período foi de R$ 1,131 bilhão, com alta de 2,1% na comparação anual. Os recebimentos da Rede Básica Sistema Existente (RBSE), indenizações sobre ativos existentes pagas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), recuaram 12%, para R$ 568,6 milhões. No entanto, a receita líquida que não considera essas indenizações cresceu 18%, para R$ 615,8 milhões.

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Os investimentos da companhia no período (capex) somaram R$ 1,108 bilhão, cifra 32,7% maior que do primeiro trimestre de 2024. Os projetos greenfield, concessões arrematadas pela Isa Energia em leilões de transmissão, demandaram R$ 802 milhões no período, cifra 35,5% maior que a registrada um ano antes.

“Dos seis projetos greenfield, a gente estima entregar dois este ano: Riacho Grande [no ABC paulista] e Água Vermelha [interior de São Paulo]. Estão caminhando bem, sem sobressaltos”, afirmou Rui Chammas, CEO da Isa Energia, ao InfoMoney.

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A parte de reforços e melhorias recebeu R$ 306 milhões em investimentos, alta anual de 25,9%. No primeiro trimestre, a Isa Energia substituiu 268 equipamentos, dentre os quais estão transformadores, disjuntores, chaves seccionadoras, sistemas de proteção e linhas de transmissão.

No período, a companhia recebeu autorizações para executar 14 novos projetos de reforços e melhorias, com investimento total de R$ 300 milhões. Atualmente, a Isa Energia possui cerca de R$ 5,5 bilhões de investimentos já autorizados nessa frente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a serem executados até 2029.

Rui Chammas, CEO da ISA Cteep (Divulgação)

Despesas e dívidas da Isa Energia no 1º trimestre de 2025

As despesas com PMSO (pessoal, material, serviços de terceiros e outros) da companhia tiveram uma redução de 5,4% no trimestre, para R$ 179,6 milhões. Essa linha do balanço foi beneficiada por uma redução no valor de provisões para previdência privada em R$ 9,2 milhões no período.

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A dívida líquida da Isa Energia cresceu 49% na comparação anual, para R$ 12,12 bilhões. No primeiro trimestre, a companhia captou um total de R$ 1,4 bilhão com a emissão de novas debêntures em duas tranches.

A alavancagem da companhia seguiu aumentando e a relação entre dívida líquida e Ebitda chegou a 3,16 vezes no período. O número é maior que a relação de 3 vezes prevista nos covenants (acordos contratuais com debenturistas) com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Isa Energia tem contratos de financiamento no valor de R$ 714,9 milhões com a instituição.

“Já estamos em tratativas com eles [o BNDES] no sentido de obter um waiver [a dispensa de obrigações]. Na última das hipóteses, a gente poderia pré-pagar essa dívida. O que não vai acontecer é ter a quebra de covenant, em nenhum episódio”, afirma Silvia Diniz Wada, diretora-executiva de finanças e relações com investidores da Isa Energia.

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Silvia Wada, CFO da Isa Energia (Crédito: Divulgação | Lola Tachibana)

Acordo restritivo

A executiva avalia que o covenant com o BNDES é “bastante restritivo”. “A Fitch, que é a agência de rating que faz a nossa análise de crédito tem uma referência mais alinhada, a 4 ou 5 vezes dívida líquida/ Ebitda. A gente entende que para uma transmissora em um ciclo de crescimento, numa fase em que os projetos estão prestes a entrar em operação, esses patamares são mais aceitáveis.”

“Está tudo dentro do planejado”, complementou Chammas. “Quando decidimos acelerar o crescimento aproveitando oportunidades de mercado, com uma estratégia de criar ativos que pudessem mais do que superar o valor da RBSE financeira que vai até 2028, nós sabíamos que a nossa alavancagem chegaria a crescer e que teríamos essa discussão com o BNDES”.

Distribuição de proventos e ação de cobrança contra a Fazenda Pública

Ao longo do primeiro trimestre, a Isa Energia distribuiu R$ 1,55 bilhão em juros sobre capital próprio (JCP). Analistas calculam que a companhia pode vir a receber R$ 2,509 bilhões da Fazenda Pública do Estado de São Paulo, relativa a uma ação de cobrança que se arrasta por anos. A Isa quer ser reembolsada pela parte das aposentadorias e pensões de funcionários contratados até 1974 que teve de financiar, diante da recusa do Estado em pagar os valores cheios.

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Em outubro do ano passado, trâmite foi suspenso por um período de 180 dias, para uma tentativa de conciliação. Ainda que esse prazo tenha acabado, Chammas diz que “continua existindo boa vontade entre os dois lados em buscar um acordo” e que a empresa vai trabalhar para que isso aconteça.



Fonte Infomoney

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