Trump impõe tarifa de 10% sobre Brasil e de até 49% sobre outros países

Compartilhar:

Trump anuncia 'tarifas recíprocas'
Trump anuncia ‘tarifas recíprocas’ (reprodução da TV)

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na Casa Branca, nesta quarta-feira, que está impondo “tarifas recíprocas” aos parceiros comerciais, no que chamou de “Dia da Libertação”. Exibindo um gráfico ilustrando quanto cada país supostamente taxa os produtos norte-americanos e vice-versa, Trump anunciou que os Estados Unidos estabeleceram uma “tarifa mínima de base” de 10% em praticamente todos os produtos importados, além de taxas ainda mais altas para certos parceiros comerciais.

O Brasil fica, inicialmente, sujeito ao patamar mínimo. Tarifas de 20% serão impostas sobre todos os produtos da União Europeia, metade do que ele acusa Bruxelas de taxar os produtos dos EUA. Trump anunciou tarifas de 34% – que se somam aos 20% atuais – sobre produtos da China que, segundo ele, adota políticas que tornam os produtos norte-americanos 67% mais caros. O Japão será penalizado em 25%, a Coreia do Sul, em 25%, e Taiwan em 32%. Entre os menos afetados estaria o Reino Unido, com tarifas de 10%. É o mesmo caso da Argentina.

“2 de abril de 2025 será para sempre lembrado como o dia em que a indústria americana renasceu, o dia em que o destino da América foi recuperado e o dia em que começamos a tornar a América rica novamente”, discursou Trump no Rose Garden da Casa Branca. “Nós cobraremos deles cerca de metade do que eles nos cobram e têm cobrado. Portanto, as tarifas não serão totalmente recíprocas”, alertou. Ele não respondeu a perguntas de jornalistas.

Apesar da alegação de Trump de que tarifas mais altas ajudarão a gerar receita para o governo e revitalizar a manufatura dos EUA, economistas alertaram que tais medidas aumentarão os preços para consumidores e empresas norte-americanos, interromperão o comércio global e prejudicarão a economia global.

Espaço Publicitáriocnsegcnseg

No início de seu discurso, Trump atacou a UE por “proibir” a maioria das importações de aves dos EUA por meio de medidas não tarifárias.

Trump também anunciou tarifas de 25% sobre a importação de todos os carros estrangeiros a partir desta meia-noite com o objetivo de tornar “a América grande novamente” e relançar o setor industrial do país. Um diplomata brasileiro citado pelo portal G1 rotulou as ideias de Trump de “terraplanismo econômico”.

Durante seu discurso, o presidente acusou países como Coreia do Sul, Japão, Vietnã, Tailândia e Índia de aplicar medidas não tarifárias, como subsídios a seus setores ou redução dos padrões de produção para tornar suas exportações mais competitivas.

Para Alexandre Ramos Coelho – professor de relações internacionais na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e coordenador do Núcleo de Geopolítica do think tank Observa China – a China já está, em grande medida, demonstrando capacidade de explorar o espaço aberto pela política truculenta de Trump.

No entanto, ainda há grande desconfiança da liderança europeia em sua aproximação com Pequim. Esse sentimento foi explicitado pela saída da Itália, sob o governo de Georgia Meloni, da Iniciativa Cinturão e Rota em 2023.

“Ainda que os negócios e as conexões ferroviárias e comerciais tenham avançado, os europeus reconhecem os riscos de substituir a dependência dos EUA por uma dependência excessiva da China”, disse Coelho em entrevista à Sputnik Brasil. “A percepção é de que essas dependências podem ser instrumentalizadas politicamente por Pequim.”

País Tarifa cobrada dos EUA* (%) Tarifa recíproca (%)
Brasil 10 10
Reino Unido 10 10
Cingapura 10 10
Chile 10 10
Austrália 10 10
Turquia 10 10
Argentina 10 10
Israel 33 17
Filipinas 34 17
União Europeia 39 20
Japão 46 24
Malásia 47 24
Coreia do Sul 50 25
Índia 52 26
Paquistão 58 29
África do Sul 60 30
Suíça 61 31
Taiwan 64 32
Indonésia 64 32
China 67 34
Tailândia 72 36
Bangladesh 74 37
Sri Lanka 88 44
Vietnã 90 46
Camboja 97 49

Com agências Xinhua, Europa Press e Brasil



Fonte Monitor Mercantil

Artigos relacionados