Um dos padrões de negociação mais confiáveis no mercado de criptomoedas parece ter se tornado menos previsível durante a rápida queda desde os recordes históricos alcançados em meio ao entusiasmo pela reeleição de Donald Trump.
No passado, tokens menores e menos conhecidos, frequentemente chamados de altcoins, tendiam a superar o bitcoin (BTC), líder do mercado, no final dos ciclos de alta das criptomoedas, à medida que especuladores buscavam lucrar com sua maior volatilidade, um fenômeno que os traders chamavam de “alt season” (temporada das altcoins).
Isso mudou neste ciclo, com criptomoedas como solana (SOL) e dogecoin (DOGE) espelhando mais de perto os movimentos do bitcoin, que ainda representa cerca de 60% do valor estimado de US$ 2,7 trilhões do mercado cripto.
“Usávamos esse termo quando a indústria de ativos digitais ainda estava começando”, disse Jeff Dorman, diretor de investimentos da Arca. “A alt season aconteceu uma ou duas vezes no passado, mas isso não significa que continuará sendo um evento recorrente.”
Durante o bull market de 2021, o bitcoin subiu primeiro, e depois uma série de altcoins seguiu o movimento em uma segunda onda. Desta vez, o bitcoin e os outros tokens têm se movido em conjunto e despencado ao mesmo tempo. O bitcoin já caiu até 28% desde seu pico em janeiro. Solana e Dogecoin, que são mais voláteis, perderam mais de 50% em relação às suas máximas recentes.
Isso ocorreu mesmo com a curta recuperação do mercado cripto no fim de semana, quando Trump afirmou em uma postagem na Truth Social que sua ordem executiva de janeiro sobre criptomoedas “orientou o Grupo de Trabalho Presidencial a avançar na criação de uma Reserva Estratégica de Cripto que inclui XRP, SOL e ADA.” Após um salto de 23% no domingo com o anúncio, a solana já havia apagado todos os ganhos até a manhã da terça-feira (4).
Os traders estão preocupados com as tendências macroeconômicas, incluindo as tarifas comerciais que entraram em vigor nesta semana e a inflação. Escândalos recentes, como o colapso da memecoin Libra e o enorme hack da exchange Bybit, aumentaram a inquietação no mercado.
“Neste momento, o que estamos vendo é algo mais típico do que aconteceu em 2018, 2019 e 2020, quando todo o mercado se movia em conjunto”, disse Sadie Raney, CEO da EVE Wealth, uma plataforma para investidoras de ativos digitais que ainda será lançada. “Antes, bastava observar o preço do bitcoin, porque tudo se movia junto com ele. O que vemos agora é uma mudança mais ampla no sentimento geral, com as pessoas um pouco mais preocupadas com todos os aspectos do mercado.”
O lançamento dos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin nos EUA há um ano criou um abismo entre a maior criptomoeda do mundo e os outros tokens, afirmou Cosmo Jiang, sócio-geral da Pantera Capital. A maioria das outras moedas permaneceu inacessível para investidores que utilizam corretoras tradicionais. “E quanto mais isso acontece, mais o fenômeno se reforça, porque esses são ativos movidos por momentum”, disse ele. Os ETFs de bitcoin registraram uma saída recorde de US$ 3,3 bilhões no mês passado.
Ainda assim, espera-se que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) aprove ETFs para uma série de outras criptomoedas ainda este ano, tornando esses tokens mais acessíveis para traders casuais. No entanto, assim como ocorreu com os ETFs de ether (ETH) aprovados em meados do ano passado, a demanda pode ficar abaixo das expectativas para esses fundos. E isso pode indicar que a era da “alt season” pode ter chegado ao fim.
Fonte Agência Brasil