Juros futuros disparam e voltam a 15% com indicação de Gleisi à SRI | Finanças

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Os juros futuros encerraram o pregão desta sexta-feira em forte alta que levou os vértices intermediários e longos da curva a termo de volta ao patamar de 15%, após passarem a maior parte de fevereiro na casa dos 14%. A ampla adição de prêmio de risco às taxas ocorreu principalmente por conta da indicação da presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) para comandar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), ministério responsável pela articulação política do governo.

O dia já apresentava tendência negativa diante da cautela dos investidores antes do feriado de Carnaval, que manterá os mercados domésticos fechados na segunda e terça-feira da semana que vem, quando está prevista a implementação de tarifas dos Estados Unidos contra o México e o Canadá. O ambiente externo ofereceu mais ruídos para os ativos após a discussão do presidente americano, Donald Trump, com o mandatário ucraniano, Volodymyr Zelensky. No entanto, operadores avaliam que os fatores domésticos pesaram mais sobre a curva de juros na sessão de hoje.

Ao fim do pregão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento de janeiro de 2026 subiu de 14,81%, do ajuste anterior, para 14,98%; a do DI de janeiro de 2027 avançou de 14,78% para 15,055%; a do DI de janeiro de 2029 saltou de 14,725% a 15,045%; e a do DI de janeiro de 2031 teve alta de 14,82% a 15,13%.

O movimento foi na contramão dos Treasuries, cujas taxas recuaram em meio à busca pela segurança dos títulos da dívida americana após a discussão entre Trump e Zelensky. Perto do fim da sessão, a taxa da T-note de dez anos recuava de 4,265% a 4,213%.

A indicação de Hoffmann para a SRI foi lida pelos agentes como mais um sinal de que o governo já não conta com o apoio dos partidos de centro no Congresso para os dois anos restantes do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A percepção de radicalização do governo aumenta os temores por medidas econômicas que estimulem a economia e prejudiquem ainda mais a percepção de risco fiscal.

“O sinal predominante no momento é o de que o governo continuará muito petista. A reforma ministerial deveria ter como objetivo ampliar o espaço do centrão no governo. Por enquanto, não é isso que está ocorrendo”, escrevem os analistas da MCM Consultores. “O certo é que com Gleisi na SRI e Padilha na Saúde, o governo Lula adquirirá um perfil mais aguerrido, ou seja, ficará mais propenso a lutar com afinco pela reeleição de Lula. Consequentemente, a chance de derrapadas aumentará”, concluem.

O humor do mercado com a política econômica do governo já havia freado a melhora dos ativos domésticos no início de 2025, em meio à discussão sobre medidas como a liberação de um saque adicional do FGTS, estimado em R$ 12 bilhões, e a criação de uma linha de crédito consignado. As ações têm sido lidas pelo mercado como sinais de que o governo tentará estimular a economia antes do ciclo eleitoral de 2026, complicando o trabalho do Banco Central de levar a inflação à meta de 3%.

Em análise conduzida pelos economistas Felipe Salto, Josué Pellegrini e Gabriel Garrote, a Warren Investimentos alerta não só para os efeitos inflacionários da liberação do FGTS, como também para a credibilidade do governo.

“Logicamente, o ideal seria que novas medidas com efeito sobre a atividade econômica não fossem adotadas nesse momento. Tanto pelo viés da inflação corrente como por eventual sinalização de que o governo estaria disposto a adotar políticas estimulativas em face da baixa popularidade do presidente, já a partir deste ano”, dizem os economistas.



Fonte Agência Brasil

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